A RESSURREIÇÃO DE LAMPIÃO
Quem nunca ouviu falar
Do famoso lampião
Que viveu em Pernambuco
La pras banda do sertão
E fez muita gente chora
Com ele não tinha perdão
Mas como todos sabem
No sertão ele morreu
Ele e seu bando
Vou contar como aconteceu
Depois de uma emboscada
Lampião e Maria faleceram
Alguns anos depois
Da morte de lampião
Nasceu uma criança
Pelo sul do sertão
Foi chamado de Francisco
Conhecido como Chicão
O Chicão quando jovem
Resolveu compreender
Porque veio a esse mundo
Para todos surpreender
Sou o novo lampião
To aqui pra dizer
Essas palavras foram ditas
Na feira de ouricuri
Um velho oficial
Que passava por ali
Ouvindo aquelas palavras disse:
Vou fugir daqui
Quando terminou de falar
O povo todo tremeu
Alguns com muito medo
Fugiu e desapareceu
Um gritou de longe
Lampião reapareceu
Então chicão falou
Quero homens de coragem
Para seguir pelo sertão
Junte toda a bagagem
Amanhã logo cedo
Vamos seguir viagem
Logo cedo Chico tinha
Muitos homens a seu dispor
Falou de suas regras
E ninguém ia se impor
Vamos seguir pelo sertão
Causando medo e pavor
Saiu Chico e seu bando
Em direção a cidade vizinha
Chegando a cabrobro
Começou a ladainha
Chico e seu bando
Roubou tudo que tinha
A polícia tentou
Dar cabo de Chicão
Mas o negro era brabo
E malvado feito o cão
Tinha uns quarenta homens
Com armas e facão
Foi feio que ali
Na cidade aconteceu
Toda policia da cidade
Infelizmente morreu
Três homens de Chicão
Na batalha faleceu
Foram eles, barata e neguim
Tupy teve socorro
Mas não resistiu
E morreu no morro
Chicão sabia esconder-se
Melhor que o zorro
Chicão disse ao seu bando
Ainda em cabrobró
_vamos embora amanhã
Passar em Mossoró
Quero um negro valente
Vou levar o Soro
_vamos ver a feira
Logo quando chegar
Vamos ver se tem
O que abocanhar
Não quero perder
To aqui pra ganhar
Assim o plano
Foi articulado Chicão disse a seu bando
_tenha cuidado
Ali tem um cabra
Parece ser o diabo
Esse cabra era famoso
Tinha grande admiração
Era querido na cidade
Já comandou uma guarnição
Amigos leitores
Seu nome era João
O Chicão chegando
Ali naquela feira
Saqueou tudo que podia
E falava muita besteira
Topou com um negro
Que era bom de capoeira
Coragem Chico tinha
Com seu rifle e seu facão
Sem eles não sabia
Se defender com a mão
Mas o negro soro
Parecia uma maldição
Vou contar pra vocês
Amigos leitores
O nome do capoeira
Que já teve muitos amores
Seu nome era Pedro
Apaixonado por Dolores
Chicão vendo
Pedro sozinho dando cabo
Disse:_vá La soro
Da conta daquele diabo
Traga a cabeça
Mas tira primeiro o rabo
Quando soro chegou
Pedro logo cabo deu
Deu-lhe um chute na cabeça
Que soro logo morreu
O Chicão vendo aquilo
Fugiu e se escondeu
Vamos deixar o Pedro
Dos cabras dando conta
Pra falar de João
Que ainda não se deu conta
Do que estava acontecendo
Ali naquela ponta
Um moleque logo veio
Em sua direção correndo
Disse ao João
O que estava acontecendo
Armou-se com suas armas
E saiu logo correndo
Meu pai matou
O famoso lampião
Arrancou sua cabeça
Com as próprias mãos
Matou também Maria bonita
E não teve perdão
Quando João chegou
Ali naquela feira
Matou três cabras
Só com sua peixeira
E Pedro vendo João
Deu mais uma rasteira
Pedro disse; João aquele negro
Não é como lampião
Esconde-se pelo mato
É medroso o negrão
Vou dar cabo dele
Com minha própria mão
O Chico ouviu aquilo
Partiu em retirada
Chamou todo o bando
Dizendo:_ta duro a parada
Vamos sair daqui
E votar de madrugada
Na madrugada do dia seguinte
O bando Chico contou
Tinha apenas quinze homens
Ele nem acreditou
Como dois homens apenas
Tanto homem matou
Vou deixar o Chicão
Ali se recuperando
Pra falar de João
Que seu plano tava armando
Pra acabar com Chico
E todo o seu bando
Não sabiam eles
Que agia o Chicão
Seqüestrando Dolores
Por quem teve admiração
Dizendo pra Dolores:
Você mora no meu coração
Dolores ouvindo aquilo
Nada podia fazer
Pois estava cercada
E nada podia fazer
Se gritasse talvez
Podia ate morre
João e Pedro
Seu plano formulou
Mais o Chico
Acidade abandonou
Logo a cidade toda disse:
_João e Pedro nos livrou.
No fim da tarde
Daquele lindo dia
Um dos cabra do Chico
Foi pego quando dormia
Logo ele falou
Pra onde o Chico ia
Também falou de Dolores
A garota que foi seqüestrada
Levada a força
Teve uma escolta armada
Pois Chico pensa
Que ela é sua amada
O Pedro ouvindo aquilo
Logo João chamou
Preciso de sua ajuda
Pra pegar o impostor
Colocá-lo na cadeia
O tempo de lampião acabou
Pedro pediu pro capanga
Repetir suas palavras
E dizer onde foi Chico
E dizer suas paradas
Se disser a verdade
Pode seguir sua jornada
O capanga logo falou
O que tinha de falar
Que o Chico tava indo
Querendo encontrar
Um tesouro que tinha
Na cidade do luar
E sua parada era
Primeiro em uma prisão
Na cidade de exu
Pra conquistar arma e munição
E liberta um prezo
Com o vulgo "pezão"
Assim agradeceu Pedro
Mas não libertou o sujeito
Pois era também um criminoso
E a lei a esse tipo do jeito
Saiu à procura de Dolores
Queria trazer de qualquer jeito
Chicão chegando a exu
Uma carnificina aconteceu
Zé Eduardo comandante
Infelizmente morreu
Mas matou oito cabras
Com oito tiros que deu
Doze praças foram mortos
Chicão libertou pezão
E foi logo dizendo
Eu tive minha razão
Só você sabe do tesouro
Que existe no sertão
Agora Chico tinha
Sete homens a seu dispor
Também tinha Dolores
Que dele num Ca gostou
Atrasava sua viagem
Esperando um bom feitor
Ela já imaginava
Que Pedro ia salva-la
Chico não sabia
Que Pedro a amava
E já estava perto
Da mulher que ele amava
Vou dizer amigos leitores
Os nomes dos cabra de Chicão
Sobreviveu o kito, guaxinim
O gordo, Barriga e Luizão
Tinha também sagüim
Completado sete com pezão
Pezão disse pro Chico
Não temos tempo a perder
Amanhã logo cedo
Eu quero desaparecer
Com minha parte do tesouro
E nunca mais aparecer
Chicão também falou
Com um sorriso amarelo
Eu rico me caso
E paro de comer farelo
Caso com esta linda mulher
E construo um castelo
Dolores ouvindo aquilo
Não aguentou mais o segredo
Falou pro Chico
Que estava esperando Pedro
Ia mudar os planos dele
E também o enredo
Já na cidade do luar
O tesouro foi achado
Mas Dolores viu de longe
Pedro seu amado
Acompanhado de João
Que estava bem armado
Um longo tiroteio
Logo teve inicio
O barriga atirava
Mas o João tinha um vicio
O barriga errava
As balas de João pareciam um míssil
Barriga já ta em outro mundo
Pode acreditar
Com apenas um tiro
João pode derrubar
Chicão vendo tudo
Só tinha coragem de olhar
Pezão vendo aquilo
Deu cabo de Chicão
Meteu sua faca
No negro covardão
E partiu logo pra cima
Pra dar cabo de João
Pedro já tinha
Deixado dois no chão
Kito e gordo
Só faltava Luizão
Não foi muito difícil
Pra deceu-lhe a mão
Vou dizer meus leitores
Onde foram os outros
Guaxinim e sagüim
Que não são nada bobos
Pegou o que podia
Sem quebra nem um osso
Mas a luta não parava
Entre João e pezão
E Dolores chamou Pedro
Pra encerrar a questão
Pois pezão podia
Matar seu amigo João
Amigos leitores vejam
Que nessa luta aconteceu
João muito ferido
Infelizmente perdeu
Mas graças a Dolores
Ele não morreu
Assim deu inicio
Dois cabras bom de briga
Pra resolver um problema
E também essa intriga
Mas Dolores pensou
Dar fim naquela rechã inimiga
Propôs assim Dolores
Pezão preste atenção
Temos aqui muito ouro
Eis a minha questão
Você pega sua parte
E não nos deixa na mão
Pezão vendo a luta ganha
O acordo ele não quis
Mas Pedro já tinha se recuperado
Acertando seu nariz
Pezão caiu desmaiado
Foi acorda no chafariz
Quando pezão se deu conta
Já estava de volta a cadeia
Logo quando acordou
Levou logo uma peia
E depois foi dormi
Numa cama de areia
Cama de areia caros leitores
Vou lhe explicar
Ele apanhou tanto
Que não pode agüentar
Hoje ele não pode mais
Ninguém maltratar
O Chicão teve
O que ele merecia
Foi morto por pezão
Na maior covardia
Ele quis muito ouro
Não viu a raia do dia
Chicão foi morto
Por causa da ambição
Negro burro danado
Acreditar em ressurreição
Aida querer viver
Como viveu lampião
Pedro com Dolores
Enfim se casou
Ficarão muito ricos
E pelo mundo viajou
Gastando todo dinheiro
Que o ouro arrumou
O João fez o que ele quis
Com a parte que recebeu
Saiu do Pernambuco
E desapareceu
Ninguém sabe explicar
Que fim que ele deu
Felizes todos ficarão
Nesse conto que fiz
Pedro e Dolores
Conheceu muito pais
Tiveram um lindo filho
Que batizarão de Lins
Luizão, gordo e kito
Uniu se Barriga e Chicão
Com Maria bonita
E na presença de lampião
No inferno estavam todos
A espera do cão