meu dia mais azarado
Peço a atenção de todos
Pra historia que vou contar
Tem coisa aqui nesta historia
Que é duro de acreditar
Mas mesmo assim eu te digo
Quando acontecer contigo
De tudo vai se lembrar
Foi um dia de azar
Dia 13 sexta feira
Ia levantar três horas
Pra vender peixe na feira
Você pode acreditar
Eu já tinha visto azar
Mas não daquela maneira
O relógio despertou
Eram três horas e meia
Minha mulher se assustou
E garrou na minha orelha
Você pode acreditar
Para ela me soltar
Foi que eu vi a coisa feia
Eu sem saber o que era
Gritei valei-me Jesus
Passei a mão em um terço
Fiquei grudado na cruz
Pensei que fosse uma fera
E só fui ver que era ela
Quando eu acendi a luz
Mas era só o começo
De um grande pesadelo
Deu uma dor de barriga
Fui direto pro banheiro
Mas a mulher de repente
Travessou na minha frente
E gritou! Eu vou primeiro
A mulher veio gemendo
E sentou-se na bacia
Nem bem ela se sentou
Um cheiro forte subia
Vi minhas calças molhar
Minha cueca coar
Nas pernas o caldo corria
Com meia hora depois
Ela saiu do lugar
Eu já tinha feito tudo
Nem precisei abaixar
Mas quando se levantou
Você pense no fedor
Que veio de lá pra cá
E os minutos passavam
Mais aumentava os tormentos
Quando eu abrir a torneira
Não saiu nada de dentro
Também não tinha papel
Eu bradei!Meu Deus do ceu
Valei-me nesse momento
Naquele dito momento
Minha mulher me falou
La fora perto do muro
Tem água em um tambor
Pega lá com um caneco
Lava pelo menos o treco
Pra sair esse fedor
Eu fiz o sinal da cruz
E enfiei a caneca
Pelo menos me servia
Para lavar a cueca
Veja que situação
Pois dentro veio um ratão
E mais algumas melecas
Então peguei a toalha
E limpei todo meu corpo
Pensei que tinha saído
De todo aquele sufoco
Mas quando a mulher me viu
Olhou pra mim e gruniu
Ta fedendo igual um porco
Vestir então uma roupa
E sair pra trabalhar
Quando passei no portão
Que me virei pra fechar
Foi mesmo como uma bomba
A malvada de uma pomba
Em mim achou de cagar
Ai voltei para dentro
Pra outra roupa vesti
Pois com aquele fedor
Não dava pra eu sair
A mulher pra me ajudar
Falou marido vem cá
Melhor você desistir
Eu disse: cadê minha roupa?
Aonde é que estar
Ela disse eu lavei tudo
E não conseguiu secar
Mas olhe lá no quintal
Pendurada no varal
Vê se dá pra tu azar?
Mas ainda estava escuro
E com muita serração
Então peguei uma roupa
Que encostava no chão
Parecia-me bonita
Eu só achei esquisita
Porque não tinha botão
Eu vestir aquela roupa
E fui pegar o metrô
Quando entrei na estação
Todo mundo me olhou
Um disse: é muito esquisito
Mas o vestido é bonito
Onde será que comprou?
Eu percebi que usava
O vestido da mulher
Sem saber o que fazer
Desci na praça da sé
Me benzi frente a igreja
Pensei comigo: assim seja
E fui tomar um café
Sentado ali sossegado
Pensando em todo o azar
Nisto chegou um rapaz
E começou me olhar
Pediu licença pra mim
E depois falou assim
Não vai me mandar sentar?
Eu não estava entendendo
Qual é a sua intenção
Pedi desculpas pra ele
E lhe respondi, pois não
O moço então se sentou
Perto de mim encostou
E pegou na minha mão
Eu falei desconfiado
Saia de mim jacaré
Ele falou calma bofe
Pensei que fosse mulher
Eu lhe dei um empurrão
E dei dois socos com a mão
Também dei um ponta pé
O rapaz saiu correndo
Disse que bicha valente
O soco que eu dei nele
Arrebentou quatro dentes
que disse é muito atrevido
Sai na rua de vestido
mas estranha seu cliente
Fui comprar uma bermuda
Pra sair daquele impasse
Pois quem sabe aquele azar
De uma vez se afastasse
O vendedor me falou
Tu és investigador
Pois reconheço o disfarce
Comecei contar pra ele
Porque eu estava assim
O rapaz quase chorou
Ficou com pena de mim
Então tirei o vestido
Vesti um short comprido
Que deu certinho pra mim
Peço a você meu leitor
Que não dê risada disso
Tu também pode ser vitima
De um malvado feitiço
E que tu fique ciente
Porque o azar em gente
É pior do que em bicho.