O CRAVO E A ROSA
Aquela estória
já velha e recontada
duma briga num jardim
rosa despedaçada
cravo todo ferido
triste, desiludido
talvez seja piada
Tal fato não ocorreu
próprio cravo me contou
de certo o ocorrido
foi que ele namorou
uma flor carinhosa
beldade amorosa
até com ela casou
É que trocaram as rimas
quando da narrativa
mataram essa rosa
estando ela viva
também o cravo feriram
nesse caso mentiram
criando falsa diva
Vejam a versão correta
que os dois me contaram
num dia desses qualquer
eles me relataram
o que de fato ocorreu
esse relato não é meu
pois ambos me passaram
Certa manhã no jardim
o cravo avistou a rosa
percebeu no seu olhar
que era carinhosa
aproximou-se dela
perfume de canela
cantada poderosa
De pronto beijou a rosa
que, perplexa, calada
tão logo retribuiu
debaixo da sacada
ambos se abraçaram
ali mesmo amaram
manhã ensolarada
O cravo ficou metido
a rosa apaixonada
aquele todo feliz
e esta deliciada
pediu em casamento
do pai consentimento
e vê-la despetalada
O cravo quis matrimônio
um padre mandou chamar
o sogro extasiado
depressa foi avisar
depois do casamento
fizeram juramento
que nunca irão brigar
Beija-flores, pássaros,
gaviões, borboletas
azáleas, rosinhas
o jardineiro perneta
todos compareceram
e muitos permaneceram
fazendo piruetas
Enlace estrondoso
no jardim ninguém já viu
festa pra todo lado
até a tristeza sorriu
depois veio a lua de mel
os noivos viveram o céu
quando o por do sol surgiu
Taí o verdadeiro fato
Cravo e Rosa unindo
não houve altercação
nem ternura sumindo
já lhes nasceram filhos
a vida anda nos trilhos
eis tudo, resumindo