Será se a Chiquinha de Catulé num morreu?/interação da cumade Hull
Um dia eu arricibí na roça
A vizita do cumpade Zé
Se assentô dento da paioça
Para vim tumá um café
E ele cum a xica na mão
Min disse qui teve u’a vizão
Da Chiquinha de Catulé.
Min falô qui na cidade
Lá dento de um ospitá
Tava ela na vivacidade
Bem vivinha a cunversá
Cum a dotôra Narda
Dizeno qui foi interrada
Bem viva cuma agora ta.
E qui o dotôra naquele dia
Nun sabia de sua duença
Qui ela tinha catalepicia
Derna o tempo de nascença
E ele veno na sua vizão
Ela saino daquele caixão
Para vim pra sua prezença.
Xeroza cuma aquelas fulô
Qui cum ela foi interrada
Na vizão inté ele li falô
Quéla botô o pé na istrada
E qui tava vino pru esses xão
Incrontá cum o Bastião
Qui no papo nun aqerditava.
Pois ele mermo o Bastião
E os povo todo na sintinela
Via a Catulé no caixão
Tonce num pudia ser ela!
Min axo qui teve um inganamento
O seu Zé naquele momento
Pois quemáro inté as vela!
Se adispidiro os dois
Zé foi pra lá e Bastião ficô
Os pensamento vêi despois
Da vidinha dos dois amô
E remueno as lembrança
Alembrava das festança
Inté qui no sono pegô.
Foi quano a meia noite
Cum as curuja ali cantano
E o vento naquele açoite
Nos arvoredo assuviano
Foi quano o batido da cancela
Feiz quele pensasse é ela
Qui pur aqui ta xegano.
Será se ela num morreu?
Mais meus zóio viro na vizão!
Eu acarinhei o rosto seu
Alí bem dento do caixão
Deve de cê o vento na cancela
Não!... nun pode cê ela!
Nun vô querditá nisso não.
O resto da vizão eu vô contá no sigundo epizódio quinda vô fazê
Cumade Hull de La Fuente
Issu é coisa du capeta
cum quem ela feiz um tratu
cum um diabu perneta
ela tirô um retratu
a tal catalepsia
é tudu feitiçaria
essi é u verdaderu fatu
Meu cumpadi eu ti assiguru
si ocê ela arrecebê
eu digu qui ti iscunjuru
num falu mais cum ocê.
Nunca ela tevi beleza
mais é grandi im malvadeza,
Deus qui livre vosmicê.
Realmente ela iscapô
pois u capeta num morri
Da penumbra ela vortô
i vevi toda di pórri.
botanu chifri nus homi
qui cum ela si consomi
e ainda deita e dórmi.
Ocê mantenha distança
Reza pra nosso Sinhô
tira ela da lembrança
pois Chiquinha é um pavô
E lá na sua cancela
ocê fecha a taramela
pois a capeta vortô.
Tomi bastanti coidadu
põe a cruz na cabecêra
pois o cão quano odiadu
dana di fazê bestêra.
Num isqueça a água benta
Pois u cão num si sustenta
fica cheim di cocêra.
Meu cumpadi, ocê num vá abri a porta pressa diaba. Tome tentu. Ficu isperanu nutiça sua. Abraçus, Hull