O LAGARTO QUE RIU DO GATO

O gato ia tranquilo

fuçando sem direção

talvez ensimesmado

ninguém dava atenção

sem rumo definido

caminho de bandido

procurando emoção

Dia bonito de sol

a natureza sorrindo

aves no céu voando

um cão velho dormindo

ao longe o mar parado

como adoentado

decerto só fingindo

Balançando na rede

debaixo dum alpendre

brisa roçando o rosto

vi o gato inocente

seguindo seu caminho

como sempre sozinho

passando lá na frente

Não deu a mínima pro cão

que também não o avistou

sentiram as presenças?

Nem um nem outro notou

ou então nem ligaram

talvez nem se importaram

ninguém latiu nem miou

Súbito o gato parou

todo interessado

virou logo o pescoço

olhando para o lado

acompanhei seu olhar

então pude enxergar

e vi algo engraçado

Um pequeno lagarto

a cabeça balançando

tomando banho de sol

seu rabo abanando

como se acenasse

alguém ele chamasse

ou estava cantando

Pus meus olhos no gato

Entendendo seu olhar

conclui que o lagarto

ele queria pegar

o bichinho virou caça

e já seria carcaça

quando o bichano chegar

Felino bem matreiro

mansamente caminhou

passo lento de fera

logo o bote preparou

num pulo o pegaria

fácil o agarraria

pata por pata andou

Voltei-me pro lagarto

lá despreocupado

a morte tão perto dele

mas à toa deitado

logo a carnificina

seria sua sina

pobre dele, coitado!

Como câmera lenta

o gato se achegava

num processo gradual

já se aproximava

fiquei todo nervoso

o coração ansioso

verdade, eu suava

Quando o felino saltou

a distância calculada

a resultante que eu vi

não era a esperada

rápido feito vento

como se pensamento

a caça não foi caçada

Veloz feito foguete

dali desapareceu

num lugar bem seguro

distante se escondeu

o gato ficou frustrado

triste, atarantado

pois almoço não comeu

O cão velhusco acordou

cansado, aturdido

bobo, desamparado

alheio ao ocorrido

deitou-se novamente

que nem velho doente

de tudo esquecido

Voltando ao lagarto

acho que o vi dançando

como se do caçador

sorrindo, caçoando

fizesse brincadeira

e talvez à sua maneira

dele fosse zombando

Infeliz, cabisbaixo,

o gato ainda tentou

aplicar novo bote

de nada adiantou

o lagarto subiu o muro

e estando bem seguro

do bichano caçoou

Triste, o gatinho se foi

permaneci deitado

o velho cachorro dormiu

o mar ficou agitado

a cabeça balançando

do bichano mangando

ria o lagarto danado

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 28/09/2011
Código do texto: T3245007
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