O Encontro de Dom Pirrito (Rodrigo Pirrito) com Evangelista
O Encontro de Dom Pirrito (Rodrigo Pirrito) e Evangelista
Nasceu em Pernambuco
Na terra de chão rachado
Dom Pirrito do cordel
Desde cedo afamado
Que hoje mora em Roraima
E é o poeta do lavrado
Nestas terras de cordéis
Não nasceu Evangelista
Que veio de Mato Grosso
Onde deixou suas Conquistas
Pra disputar com Pirrito
A fama de cordelista
Quando Pirrito chegou
No aeroporto escoltado
Por mais de cinco donzelas
Foi um furduço danado
Pois já era bem famoso
E ali foi entrevistado
O poeta Evangelista
Chegou de um jeito calado
Era um desconhecido
No seu cavalo montado
Mas tinha em sua mente
Mais de mil versos rimados
Pelo caminho da ciência
Cada um deles passou
Dom pirrito era biologo
Que mestre cedo tornou
Defendendo a natureza
E aquilo que Deus Criou
Numa ciência avançada
Que surgiu da alquimia
Evangelista se formou
E hoje fala com alegria
Que química é o esteio
Que sustenta a academia
Nas belezas de Roraima
Evangelista se inspirou
Pois não era Cordelista
Foi aqui que se tornou
Porém diz que o seu nome
De um cordel seu pai tirou
Do pavão misterioso
Um cordel muito afamado
Que tinha Evangelista
Inteligente e encorajado
Que lutou por seu amor
Nunca sendo abalado
Em Roraima o vento sopra
Num vai e vem todo dia
Ceu com estrelas reluzentes
Iluminando feito dia
Os sentimentos mais puros
Que transformam em poesia
Da mesma forma pirrito
Teve sua inspiração
Sobre o estado de Roraima
Escreveu com devoção
Contando histórias em verso
Trouxe aqui sua tradição
Num encontro arranjado
Que o destino encarregou
De juntar os dois poetas
Foi assim que se passou
Os dois se tornaram amigos
Foi a arte quem ganhou
Um dia dom pirrito
Se encontrou com Evangelista
Pra falar de seus projetos
Que o fez um cordelista
Nas obras que lhe puseram
Na galeria de artistas
Evangelista não invejou
Mas prestou muita atenção
Pois também fazia versos
Tinha muita inspiração
Mas nunca fez um cordel
Só agora no papel, sua obra registrou
Numa semana de agosto
Dom pirrito assim falou
Ontem fui entrevistado
Bem famoso já estou
Até aluno de mestrado
Minha obra estudou
Já fez o "Et de Baliza"
E tantos outros ele listou
Destacando o encontro
Que ele mesmo quem criou
Makunaima e Ajuricaba
Que em sua arte consagrou
Evangelista ouviu calado
Cada história do amigo
Tinha visto na internet
Em um Site conhecido
Que existia um Dom pirrito
Cordelista destemido
Evangelista disse a Dom Pirrito
Eu não quero lhe ofender
Tenho lido suas obras
O que fiz foi aprender
Que a humildade do artista
Acabo de conhecer
Nunca fui entrevistado
Nem artista ainda sou
Más aceito uma disputa
Isso muito me intrigou
Aqui faço um desafio
E Dom Pirrito aceitou
O duelo dos dois foi marcado
E se armaram até os dentes
Com seus estoques de versos
Muitos prontos e repentes
Seria uma disputa bem justa
Neste encontro de serpentes
Não terá faca e nem tiro
Foi um acordo firmado
Cada um usa o que sabe
Pra não sair derrotado
Vai ser uma luta bem longa
Pois os dois estão preparados
Que teria um duelo
Pelo estado se espalhou
De Boi Açú a Pacaraima
Capital e interior
Notícias que Dom pirrito
Cordelista que contou
Histórias desse estado
Desafeto se tornou
Do poeta Evangelista
Que na arte faz conquistas
Escrevendo seus cordéis
Seu talento demonstrou
No dia que foi marcado
Pra disputa acontecer
Dom pirrito chegou cedo
Querendo surpreender
Se vestindo de "lampião"
Para o público receber
Evangelista chegou atrasado
Más logo se desculpou
Vinha em seu cavalo alado
Quando um tiro o acertou
Ferindo o animal em sua asa
Foi por isso que atrasou
Dom pirrito ficou danado
Com a história ali contada
Parecia estar nervoso
Com a disputa marcada
Foi dizendo a Evangelista
Como contas? tal mentira esfarrapada
Evangelista respondeu
A verdade foi contada
Faço lembrar o amigo
Da linguagem figurada
O pneu que se furou
Eu chamei d'asa quebrada
A plateia ficou dividida
Vinte mil pra cada lado
O estádio Canarinho
Nunca esteve tão lotado
O cenário era de festa
Como o carnaval do estado
A noite já foi chegando
Ofuscando a luz do dia
De sol a sol a disputa
Sem ganhador transcorria
Cinco mil versos contados
E repentes sem quantia
Já passava da meia noite
Dom pirrito foi dizendo
Se queres mostrar seu talento
Vá logo me respondendo
De onde vem sua arte?
Pois estou reconhecendo
Evangelista logo disse ao amigo
Eu não vim pra me gabar
Eu começo nesta arte
Sem pretensão de ganhar
Más quero ser cordelista
E você vai me lançar
Dom pirrito logo disse
Hoje aqui ficou provado
Que esta arte não tem fronteira
Eu quase fui derrotado
Reconheço seu talento
Deixo o jogo empatado
Disse Evangelista a pirrito:
O empate fica aceito
Sua decisão foi muito sábia
Pois não vejo outro jeito
Me aceitem como cordelista
Que já estou muito satisfeito
Pra encerrar essa história
Que acabo de contar
Aqui fui pretensioso
Nesta arte milenar
No mundo dos cordelistas
Eu acabo de entrar....