POBREZA EM PARIS
Bem no coração de Paris
avenida luxuosa
lá no Arco do Triunfo
triste cena dolorosa
avistei numa calçada
no chão mendiga deitada
humilhação revoltosa
Inerte, envergonhada,
debruçada ao rés do chão
a pobre mendiga calada
com tosca caneca na mão
esperava a caridade
naquela rica cidade
sempre na mesma posição
Que choque inesperado
eu nem pude acreditar
não podia ser verdade
na Champs Elysées encontrar
alguém pedindo esmola
mas ninguém lhe dava bola
senti vontade de chorar
Lamentar a indiferença
das pessoas que passavam
muitos deles sorridentes
porém atenção não davam
à pobre mulher humilhada
como molambro deitada
para ela nem olhavam
Fiquei olhando de longe
aquela triste figura
usando vestido velho
latinha na mão segura
em silêncio, cabisbaixa,
ao seu lado uma caixa
com restos de atadura
Não vi ninguém ajudando
aquela pobre mendiga
nem uma esmola sequer
ou um chute na barriga
qualquer coisa, um pâozinho,
comida de passarinho
de milho uma espiga
Passantes continuavam
ao lado dela andando
mas nenhuma moedinha
qualquer deles vi jogando
se como só fosse ela
um lixo na passarela
de quem fossem desviando
Parecia não existir
aos olhos de tanta gente
um ser humano deitado
pedaço de indigente
nessa rica avenida
nababesca, distraída,
bocejante, indolente
Durante tempo bem longo
essa cena presenciei
mas logo na Cidade Luz
da Europa que visitei!
Contraste inesperado
sofri abalo danado
ver aquilo nunca pensei
Quero logo enfatizar
foi em Paris a tal cena
não no Terceiro Mundo
que disso tem de centena
e me chocou a indiferença
como se fosse sentença
da cega Justiça plena
No entardecer de Paris
voltando do meu turismo
continuava ela lá
fechada em seu mutismo
mesma doída posição
de esmola nenhum tostão
faminta, no prejuízo
Na Paris de tantas luzes
Paris de muita riqueza
com fartura do tal euro
percebi faltar nobreza
e desse luxo lá no fundo
núcleo do Primeiro Mundo
havia também pobreza