Melquisedeque, um testemunho de vida * Verídico *Autor: Damião Metamorfose.

*

Oh! Deus Senhor dos senhores

Inspire-me o estro poético.

Para que esse Cordel

Saia com teor profético.

E que a sua oração

Toque fundo o coração

Do mais fervoroso ao cético!

*

Sempre tento ser eclético

Em matéria de escrever...

Seja uma estória inventada

Ou que acabei de viver.

Mas essa que eu vou narrar

Ouvi o Melk contar

E é diferente a meu ver.

*

Porque eu não ouvi dizer,

Foi testemunho de vida.

Quem me contou foi o próprio

Que teve a História vivida.

E Ele é um jovem rapaz,

Então pouco tempo faz,

Que ela foi acontecida.

*

Quando parece perdida,

A noite calma e sombria.

Deus põe um final nas trevas,

Sol nasce e traz alegria.

Apaga o negro carbono,

Perde-se a noite de sono,

Mas se ganha um novo dia!

*

Lá no Sertão da Bahia,

Melquisedeque nasceu.

Sua mãe era evangélica,

Por isso que ela escolheu.

Nome bíblico para o filho,

Pois a queria no trilho

Do caminho igual ao seu.

*

Sua mãe sempre temeu

Ao Deus de Jó e Abraão...

E com as suas quatro filhas

Pediam em oração.

Que Deus lhe mandasse um filho,

Pra o seu lar ter mais brilho

Dando a luz a um varão.

*

Quando houve a concepção

E o sexo foi confirmado.

O nome foi escolhido,

O enxoval foi comprado.

Mas ninguém desconfiava,

O que o futuro guardava

Ao filho tão esperado!

*

Seu pai um músico afamado,

No Estado da Bahia.

Sempre respeitado e digno

Em casa e no que fazia...

Era um católico ausente,

Mas convivia com crente

Em perfeita harmonia.

*

Todos esperavam o dia

Do filho Melquisedeque...

Os dois tinham quatro filhas,

Era o primeiro moleque.

E como era tradição,

Quando nascia um varão

O pai tomava um pileque.

*

Se eu te oferecesse um leque

De opções para escolher.

O que com a mãe do Melk

Poderia acontecer

Na sala de cirurgia,

Sei que você tentaria,

Mas não ia responder.

*

Pois bem, eu vou lhes dizer,

O que foi que aconteceu.

Na sala de cirurgia

Depois que Melk nasceu.

Ainda no hospital,

Deu uma eclampsia fatal

E a mãe do Melk morreu!

*

Seu pai quando recebeu

A notícia que a consorte.

Estava de volta ao leito,

Mas vinha em leito de morte.

Começou a esconjurar

Com os crentes, e foi pro bar,

Não resiste ao brutal corte!

*

Aquele homem que era forte,

Músico de muito talento.

Ficou tão desnorteado

Que quebrou seu instrumento.

Daquele dia em diante

Bebia de instante e instante

No bar e em seu aposento...

*

Chamar crente de nojento,

Maldito e demo safado...

Era o que Ele mais fazia

Depois de ter enviuvado.

E o seu filhinho inocente,

Só por ser filho de crente,

Foi por Ele rejeitado!

*

Melk foi amaldiçoado,

Por seu pai, desde pequeno.

Toda vez que o pai bebia

Destilava o seu veneno.

E assim sem ter um carinho,

Foi ficando taludinho

E o sofrer não era ameno!

*

Noite de chuva ou sereno,

Quando o seu pai demorava

No bar e vinha mais tarde

Pra casa, quando chegava.

Que via a cama vazia

Sem a sua companhia

O Melk era quem pagava!

*

Um certo dia, Ele estava

Bêbado e com tanta brabeza.

Bateu tanto no menino

E com tanta malvadeza.

Que o coitado desmaiou

E depois que Ele tornou,

O pai o expulsou da mesa!

*

Melk chorou de tristeza

E das dores do machucado.

Ficara sem sua mãe,

Sem pai e o lar sagrado...

Com dez anos de idade,

Deixou a sua cidade

E foi morar noutro Estado.

*

Mesmo sendo maltratado

Aquele era o seu lar.

Não estava nos seus planos

Ir para outro lugar.

Mas com ajuda das pessoas,

Mudou-se para Alagoas,

Em Maceió foi morar!

*

Sem idade pra arrumar

Um trabalho importante.

O seu primeiro contato

Foi com um grande traficante.

Que deu ao jovem varão

O cargo de avião

Do trafico naquele instante.

*

Em vez de ser um estudante

O menino trabalhava.

Fazendo a ponte do trafico

Por onde o patrão mandava.

E aos doze anos de idade

Devido à facilidade

Maconha Ele já fumava!

*

Com quatorze já cheirava

E injetava na veia.

Aos quinze Ele já era

Traficante de mão cheia.

Aos dezoito comandava

A boca onde morava

Era o chefão da aldeia.

*

Com passagem na cadeia,

Fugitivo e procurado.

Melk mudou de cidade

Para agir mais sossegado.

Mas com o titulo de chefão

Tinha mais perseguição

E bem menos aliado.

*

De tanto ser espancado

Por seu pai antigamente.

E ouvir o velho gritando:

“Odeio a raça de crente!”

Gravou no intimo a peleja,

Dizendo: Eu odeio igreja

De crente, principalmente!

*

Com esse seu ódio doente,

Botou pastor pra correr.

Já tinha quase quinhentos

Homens sob o seu poder.

E um coração tão amargo

Ocupando aquele cargo,

Só Deus podia o deter!

*

De tanto Ele ouvir dizer:

Que ser crente não prestava.

Pois era isso que o pai

Dizia quando o espancava.

Fazia o Melk odiar

E a querer espancar

Todo crente que encontrava.

*

No setor onde imperava

As pessoas o temiam.

Muitos só de ouvir o nome

Melquisedeque... Corriam

Pra bem longe e não voltavam

Pra cidade e se mudavam

Se ficassem, se escondiam.

*

Tinham uns crentes que tremiam

Com medo da sua fama.

Outros que se escondiam

Até debaixo da cama.

E enquanto isso o seu Melk

Queimava talão de cheque

E se queimava na chama!

*

Agora imagine o drama

Que o pai ou a mãe passa.

Vendo o filho viciado,

Caído em banco de praça.

Ou até jurado de morte,

Ninguém merece essa sorte,

Isso é a maior desgraça!

*

As drogas causam a devassa,

Nas estruturas de um lar.

Porque o viciado vende

Tudo o que puder pegar.

Começa roubando os pais

E quando não tiver mais,

Vai roubar noutro lugar!

*

Pra quem vive a traficar,

Isso parece engraçado.

E só conhece esse inferno,

Quem tem filho viciado.

Por isso é que muito pai

Vibra quando o filho vai

Preso, pois lá, tá guardado.

*

Melk foi esconjurado,

Do pai nunca teve amor.

Só recebeu as lições

De preconceito e rancor.

E sempre que Ele podia

Dava um jeito e perseguia,

Um evangélico ou pastor!

*

Quem foi menor infrator

Pelo seu pai espancado.

Agora era um traficante,

Conhecido e odiado.

Da lei, era um foragido,

Procurado e perseguido

Dentro e fora do Estado.

*

Melk fez o seu reinado,

Com drogas e contrabando.

E tinha quase quinhentos

Homens sob o seu comando.

Na boca aonde atuava,

Era Ele que ordenava

Como fazer, onde e quando!

*

Se o cerco estava apertando,

Dava um jeito e se escondia.

De onde Ele estivesse

Comandava a freguesia.

Se algum assecla o traísse,

Na hora que descobrisse

Na certa o couro comia!

*

Enquanto a fama crescia,

Crescia a perseguição.

Também crescia o vazio

Dentro do seu coração.

Que às vezes encurralado

Era encontrado drogado,

Em desmaio ou convulsão!

*

Com o corpo em exaustão

E o espírito atormentado.

Se escondendo de si mesmo

Sentindo-se encurralado.

Já estava dividido,

Entre o que tinha escolhido

E o que a mãe tinha implorado!

*

Bem antes de ser gerado

Sua mãe em oração

Já o tinha prometido

Ao Deus de Jô e Abraão.

Melk já estava sentindo

A mão de Deus e ouvindo

O chamado pra missão!

*

Bastava em seu coração

Alguém regar a semente

Do amor, para o seu ódio,

Se acabar completamente.

E foi o que aconteceu

Quando Melk resolveu

Fechar uma igreja de crente!

*

Melk vinha com sua “gente”

Pelos becos da cidade.

Reabastecendo as bocas

E fazendo atrocidade.

Quando ao longe viu um culto,

Resolveu fazer um insulto

E encontrou a verdade!

*

Uma senhora de idade

Que estava em oração.

Ao ver que alguém atacava

Ela e a congregação.

Levantou-se e sem ter medo,

Enfrentou e pôs o dedo

Bem na cara do chefão!

*

Melk de arma na mão,

Mas ficou paralisado.

Com a coragem da Mulher

E a sua luz... Foi tocado

Até tentou reagir,

Mas o que veio a seguir

Deixou-o desmoralizado!

*

Gloria Deus! Seja louvado...

A igreja respondeu.

E a senhora perguntou

Quem é você, fariseu?

Diga o que você deseja,

Com meu povo e minha igreja

E quem é o chefe seu?

*

Melk: o meu chefe sou eu

E o que eu quero, eu consigo.

Tenho mais de quatrocentos

Homens, que enfrentam o perigo

Só pra fazer o que eu mando,

Sou eu que digo: onde e quando...

E eles fazem o que digo!

*

E a senhora disse: amigo

Você é seu chefe, aja visto.

Não o temos como chefe,

Mas aqui será benquisto.

Se quiser, juntar-se a nós

E louvar numa só voz,

Nosso chefe, é Jesus Cristo!

*

No mesmo instante foi visto,

Um corre corre geral.

Era a policia cercando

Pra pegar o maioral.

Melk olhou pros quatro lados,

Não viu mais seus comandados,

Que fugiram do local!

*

Sem seus homens, sem moral,

Pensou numa solução.

Para se livrar do cerco

E não voltar pra prisão.

Pensou num plano perfeito,

Mas dessa vez foi o jeito,

Se disfarçar de irmão.

*

Com a Bíblia e prostrado ao chão,

Para a polícia não ver.

A senhora que o enfrentou

Ajudou-o a proteger.

E entre gritos de louvores,

Até cães farejadores,

Passaram sem o perceber!

*

Já foram, pode correr!

O pastor assim falou...

Porém Melk estava em transe,

Se o ouviu, ignorou.

Continuou ajoelhado

Louvando de olhos fechado

Gloria ao Deus que me salvou!

*

Em língua estranha falou

Ao receber a unção.

E depois se converteu

Ao Deus de Jó e Abraão.

Hoje Melk é batizado,

Ungido e sacramentado

E louva a Deus em canção.

*

Livrou-se da perdição,

Pagou as contas à lei.

Hoje é cantor evangélico,

Cristo é seu senhor e rei...

Viaja o Brasil inteiro,

Louvando ao Deus verdadeiro

E vive feliz, eu sei.

*

Essa História eu escutei

Num culto em Apodí,

O próprio Melk contou,

Não foi de outro que ouvi.

Era Ele testemunhando

E as minhas lagrimas rolando,

Com a emoção que senti.

*

Em seguida eu resolvi

A escrever um rascunho.

Contando a sua História

Ou melhor, seu testemunho.

Tentei o localizar,

Pra Ele me autorizar

E assinar de próprio punho.

*

Passou Março, Abril e Junho,

Não o consegui encontrar.

Tentei pesquisas no Google

E em tudo o quanto é lugar.

Se alguém que ler for contato,

Comunique o desse fato

Peça o para autorizar!

*

D-eus fez o Melk passar,

A maior parte da vida.

M-aldizendo e maltratando,

I-grejas na vinda e ida.

A-gora é crente e cantor...

O-h! Deus abençoe sua lida!

*

Fim.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 17/09/2011
Reeditado em 07/10/2015
Código do texto: T3225638
Classificação de conteúdo: seguro
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