OS HUMANOS

Nós os seres humanos

somos tão complicados

brigamos por nadinha

choramos amuados

dos outros nós zombamos

sem motivo xingamos

tolos, desmiolados

Entramos numa paixão

sem piscar nem refletir

só queremos a verdade

não paramos de mentir

somos donos da razão

vivemos de ilusão

pouco sabemos sorrir

O que se vê pelas ruas

de nossas cidadelas?

Temores desvairados

tensas apalpadelas

crianças se drogando

assaltantes matando

nos desvãos das ruelas

Nos grandes edifícios

grades emolduradas

os vizinhos deixando

pessoas perturbadas

gritam, xingam sem razão

apunhalam o coração

em gaiolas douradas

Políticos corruptos

celebram roubalheira

zombando do cidadão

dinheiro na carteira

na cueca, no calção,

na meia, no cinturão,

rindo da brincadeira

Batalha de trânsito

roseiras esmagadas

ternura esquecida

flores despetaladas

olhar enfurecido

rosto embrutecido

mulheres maltratadas

Semeamos tristeza

morremos de saudade

matamos a alegria

rasgamos a amizade

desvirginamos a lua

e ainda nem temos pua

pra dizimar a maldade

O crime organizado

como grande empresa

desafia o Estado

mete murro na mesa

tá destruindo a Nação

com um chicote na mão

é mestre nessa proeza

Impostos extorsivos

empobrecem o cidadão

o dinheiro é só pra eles

os "gerentes" da Nação

pobre do trabalhador

que só conhece o horror

de faltar na mesa o pão

Coitados dos honestos

poucos que ainda são

rotulados de trouxas

nesse triste paísão

pérolas raras num céu

com caráter de papel

com gelo no coração

Impossível esquecer

criancinhas perdidas

no abandono dos pais

folhas secas caídas

verdes ramos podados

tenros grãos esmagados

pétalas ressequidas

Humanidade podre

no erro carcomida

na torpeza chacoalha

do amor esvaída

terreno doloroso

sorriso escabroso

na lama revolvida

Que vos tortura homens,

que vos falta mulheres,

algo vos apetece?

E tu destino, que queres,

qual castigo preparas

bater neles com varas,

é isso que tu preferes?

Mundão mal e apóstata

gente equivocada

indolente no erro

impura, malcriada

mostre os sentimentos

reflita por momentos

multidão desvairada!

Onde estão as virtudes,

que fizeram do amor,

mudamos a simpatia

pro desejo incolor?

Onde 'tá o romantismo,

tornou-se empirismo,

sentimento sem pudor?

Pobre humanidade

que só deseja pecar

não tem saudade de Deus,

pensa só em copular?

Que tal se arrepender

não é bom esperar morrer

a morte não lhe vai mudar

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 17/09/2011
Código do texto: T3225466
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