"Tudo posso naquele que me fortalece" (Fl 4,13)

Fui chegando de mansinho

Conquistando meu espaço

Em todo canto que passo

Na busca do meu caminho

Como pássaro em seu ninho

Um dia saiu em partida

Por terra desconhecida

Sem ter um rumo constante

Devagar, mas sempre avante

Vou tocando a minha vida.

Na minha mente encucada

Em saber qual a missão

Eu deixei o meu torrão

Levantei de madrugada

Botei meus pés na estrada

Andei rua e avenida

Nem mesmo na despedida

Eu mudei o meu semblante

Devagar, mas sempre avante,

Vou tocando minha vida.

Encontrei muito espinho

Rebolei no meu compasso

Enfrentei peito de aço

Mas também, com meu jeitinho

Recebi muito carinho

Nessa estrada tão comprida

De chão de terra batida

Num calor agonizante

Devagar, mas sempre avante,

Vou tocando minha vida.

No cabo de uma enxada

Fiz calos na minha mão

Fiz poesias, fiz canção

E flertei com a mulherada

Da caneta, fiz espada

Fiz promessa à Aparecida

Pra pagar a minha dívida

Debaixo de sol escaldante

Devagar, mas sempre avante,

Vou tocando minha vida.

Dobrei o meu colarinho

Seguindo de passo em passo

Sem ter medo do fracasso

Alguém me disse baixinho:

Deixa ver se eu adivinho,

Essa luta é divertida!

Disso eu tô convencida!

Me soou tanto arrogante

Devagar, mas sempre avante,

Vou tocando minha vida.

Eu já tomei ferroada

Tive muita decepção

Mas cheguei à conclusão

Que é assim a caminhada

Que a gente leva porrada

P’ra ter a missão cumprida

Se a coisa é tão querida

Vale a pena ser confiante

Devagar, mas sempre avante,

Vou tocando minha vida.

Eu nunca fiquei sozinho

Sem um beijo e um abraço

Com muito desembaraço

No embalo de um moinho

Vou tecendo o meu linho

Com fé na Compadecida

Que cura minha ferida

Quem me vê não se espante

Devagar, mas sempre avante,

Vou tocando minha vida.

Conheci gente malvada

Gente de bom coração

Que me dividiu o pão

Me deu água e pousada

Com minha fé redobrada

E a paz tão merecida

Sempre de cabeça erguida

Dessa terra sou amante

Devagar, mas sempre avante,

Vou tocando minha vida.

Já dormi muito em calçada

Em cima de um papelão

Pois eu não tinha um colchão

Minha roupa era rasgada

Mas hoje, de alma lavada

Deus é a contrapartida

Minha sina é mais garrida

Minha voz é mais vibrante

Devagar, mas sempre avante,

Vou tocando minha vida.

Por isso eu digo, vizinho:

Não deixe que o cansaço,

Mesmo estando um bagaço

Não faça um redemoinho

Vá em frente, devagarzinho

Levanta, dá u’a sacudida

Pois se não faltar comida

Você chega adiante

Devagar, mas sempre avante,

Vá tocando a sua vida.

"TUDO POSSO NAQUELE QUE ME FORTALECE"

(Fl 4,13)

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 16/09/2011
Reeditado em 17/09/2011
Código do texto: T3224072
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