O delírio do Caminhante

Caminhante,

Siga firme em teu caminho

Não interrompa seu rompante

Veja o mundo em desalinho

E não sorria neste instante

Lembre que não vives no mundo sozinho

E então ouça com atenção

O brado do homem delirante

Nos campos e nas ruas,

Vês teu povo, de si mesmo retirante

A pedir e a implorar

Por atenção um só instante

Sob o sol a rastejar

Ouça o grito murmurante

Que a sonhar e a chorar

Espera um novo dia, Caminhante

Vês, escuta, toca e sente

Não esqueça ou seja imprudente

No teu andar, vê tua gente

Há essência de tua feitura

Em cada rosto, de cada indigente

Em toda loucura e também

Em todo gesto clemente

Veja este povo, Caminhante

Que reza e clama inutilmente

Que olha pro céu e rasteja no chão

Arduamente

Este povo, certamente

Sabe que o ontem, o hoje e o

Amanhã

Lhe trata a sorte indiferente

Então cabe a ti e a todo homem

Que na vida é caminhante

Que passa pelo mundo

E sem ser mudo, é também povo

E, por isto, delirante

Denunciar e sonhar

Com utopia a todo instante

E construir, por suas mãos,

Com respeito e crença rompante

Um homem novo e um novo mundo

Eis o delírio do Caminhante!

Lucas Sidrim
Enviado por Lucas Sidrim em 29/08/2011
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