(Reescrita da) PEÇA TEATRAL "O COMPLICADO CASAMENTO DE JESUÍNO COM AÇUCENA"

(Baseada num dos segmentos da novela

CORDEL ENCANTADO. Utilizada, como cul-

minância, na Escola Estadual Centro Edu-

cacional Carneiro Ribeiro - Classe I - Sal-

vador/Ba, encenada por alunos do 8o. ano

(7a. série).

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PEÇA TEATRAL

O COMPLICADO CASAMENTO DE JESUÍNO COM AÇUCENA

(No formato aproximado de Literatura

de Cordel).

Gênero teatral : comédia.

Personagens (pela ordem das falas no texto) :

- Speaker (locutor)

- Rei Augusto

- Cangaceiro Herculano

- Jesuíno

- Açucena

QUADRO ÚNICO.

CENÁRIO : LIVRE.

(Música de abertura :

Ô, ô, ô, vida de gado,

povo marcado ê,

povo feliz - (bis) )

SPEAKER

Que se levante todo mundo

destas terras de Brogodó !

Façam silêncio, o mais profundo !

Eu anuncio neste momento :

REI AUGUSTO PRONTO PRÁ CENA !

Vem discordar do casamento

da sua filha, Açucena !

(SOAM OS CLARINS, anunciando a aproxima-

ção do rei. O rei Augusto, em passos come-

didos, vai chegando ao recinto, onde para.

Com um breve abaixar de cabeça, cumpri-

menta os súditos)

REI AUGUSTO

Gente rica...pobre também,

que amo do fundo do coração,

vivo um momento de desgosto :

Minha filha, QUE NÃO PARECE BEM,

talvez movida pela paixão,

quer se casar com Jesuíno

e isso seria a contragosto,

não merecendo aprovação...

SPEAKER

Que entre o cangaceiro Herculano !

(O cangaceiro vem chegando ao recinto e se aproxima do rei Augusto. Anda em torno dele, mirando-o de cima a baixo, de forma ameaçadora).

CANGACEIRO

Que mal pergunte (irônico) , ma-jes-ta-de, ]

cum quí derêtcho o sinhô

se intrumete prá mudá a sina

desse casá que é tã unido ?

Num intendo sua discordança :

os dois se cunhece dêsdi criança...

Açucena, esse doce de minina,

Jesuíno, um cabra trabaiadô...

REI

Açucena é muito nova

e inda é cedo prá casar.

Quando for chegada a hora

prá de casa ir embora

e mundo afora ser feliz,

só deixo a outro se entregar,

se com gente de raiz...

CANGACEIRO

(tipo segredo, à parte) - Dinhêro, agora, tem ôtro nome, é ? Virô raiz ?

CANGACEIRO

(para o rei) - Eu num sabia, majestade,

que Açucena virô pranta :

Nóis aprendeu desde minino

"Quem tem raiz é vegetá"...

AÇUCENA JÁ TÁ PRONTINHA

PRÁ IN MUIÉ SE TRANSFORMÁ...

O resto, bem, o resto dêxa lá cum Jesuíno...

REI

(dedo em riste na direção do cangaceiro) Mais respeito à minha filha,

essa doce maravilha,

dona de toda a beleza

e que, agora, é princesa !

Vai se casar com quem tem nome.

Quanto a seu filho Jesuíno,

nem chegou a completo homem :

ele não passa de um menino !

CANGACEIRO

(De novo, segredando à parte) - Dinhêro já mudô de nome ôtra vêis ? Agora tá cum nome de...NOME, é ?

CANGACEIRO

(para o rei) - Seu monarca dos inferno,

vê o quí e cumo fala cumigo !

Perdeu a noçã(bate no cabo do punhal) do pirigo ?

Eu te aconsêio : PÓ-PA-RÁ !

Se inseste nessa ofensa,

tá selano tua sentença

e das profunda num vortará !

JESUÍNO É HOME FÊTCHO

E, PRÁ AÇUCENA, É PÁ PERFÊTCHO !

REI

(mal humorado) - Diga então, PODE FALAR,

SEU MALFEITOR E CANGACEIRO :

Quanto seu filho tem de dinheiro

prá minha filha sustentar ?

Ela terá um destino torto

se casasse com um joão-ninguém,

que nem tem onde cair morto...

CANGACEIRO

Sô cangacêro, SIM, SINHÔ !

Defendo gente sufrida,

intregue à sorte, disassistida !

Eu mato, rôbo ou arrebento

prá cunsiguí o seu sustento !

Já inté me cumparáro

cum Rob Rod, que matáro !

SPEAKER

Gente, o Rob Rod que ele citou

é, na verdade, o grande herói, Robin Hood !

CANGACEIRO

(Falando na direção de onde

imagina ter vindo a voz) - Agradicido, seu tradutô !

Mais, vortano ao que falava

e que tava intalado,

(para o rei) - Se me cuncede permissão,

Aqui vai minha concrusão :

OCÊ SÓ VÉVE É DE FAMA !

Purquí, in verdade, véve atolado

NUM VERDADÊRO MAR DE LAMA !

(Congelam-se o rei e o cangaceiro).

SPEAKER

É...pelo visto, essa novela do casamento de Jesuíno e Açucena vai longe...Será ou não que Jesuíno se casa ?

(Entra Jesuíno, com estilo malandrão, parodiando e dançando no ritmo da música existente)

JESUÍNO

- Eu nao, não vou não,

quero não, posso não,

(aponta na direção do rei congelado) - Esse rei não deixa não ! (ele

para de cantar, mas continua a um canto dançando ao ritmo da mú-

sica).

(Entra Açucena, cantando e dançando, no rit-

mo, a mesma melodia cantada, há pouco, por Jesuíno)

AÇUCENA

- Eu sim, eu vou sim,

quero sim, posso sim,

(aponta para o rei congelado) - Esse rei não manda em mim ! (ela

se aproxima de Jesuíno e a ele se abraça)

(Tem início a sonoplastia coreografada pelos

dois, da música "se casamento fosse bom", de Adelmário Coelho. En-

quanto a música vai diminuindo de volume, rei e cangaceiro "se descongelam". Os quatro em cena se perfilam e cum-

primentam o público).

F I M ...

pedralis
Enviado por pedralis em 27/08/2011
Código do texto: T3185576
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