CARINHANHA: ENTRE O SABOR E O SABER

LITERATURA DE COMER – ENTRE O SABOR E O SABER

A mistura da variedade de agora

Tirou o sabor da infância,

Escondeu o saber de outrora.

E o cuscuz regrado com óleo

Já não tem mais o mesmo sabor

O tempo levou embora.

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Os sabores e saberes

Que trouxeram alegrias

Também relembram histórias

Das fomes em que aqui viviam

Onde a raiz de umburuçú

Era o alimento que tinham.

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A história de Carinhanha

O povo: mulher e homem;

A gordura do toicinho;

O pequi com o maxixe;

De muitos tirava a fome...

E se “caísse do fogão” ainda tinha o pau-ferro

Para sarar criança, idoso, jovem ou qualquer que abusar do que come.

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O cheiro ainda está no ar

Da carne que era enlatada

Da linguiça na gordura

Pra poder ser conservada

E do pote de barro lacrado

Ficava o toicinho no ponto para ser frito e pisado.

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O “povo brabo” também contribuiu para a história

Os índios que aqui viveram deixaram seus sabores, saberes e glória.

A panela de barro, o pote de conservar o toicinho...sua culinária simplória

Talvez nunca imaginaram que todos os seus costumes seriam retratado agora.

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A alimentação antiga nos traz um papel natural

O leite de cabra, de vaca, a buchada estirada no varal

Era uma comida nota 10 que não trazia nenhum mal.

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No pilar do arroz ou no torrar do café

Na carne da caça arisca que era pego com fé

Se tú ler nossa história e ainda não acreditar

Tenha a plena certeza que vou te chamar te Tomé.

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Essa nossa comida também tem seus arrudeios e mitos

A carne remosa da cotia aqui vou deixar escrito

Tatu verdadeiro cavando no quintal do Sr. Jove

A pouco tempo aqui por ele foi visto.

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É peixe gigante, surubim de quase 200 quilos

Que quando escapava do pescador ganhava um peso revestido

Por aqui se ouviu falar até de traíra grande

Que derrubada laranja apenas com um suspiro.

Se tiver alguma dúvida pode perguntar seu João e Tonhão

Que vão lhes contar essa história com muita verdade e estilo.

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O pirão para as paridas jamais poderia faltar

Mas lembre que no resguardo “homem e mulher” nem pensar

Uma multidão de costumes por aqui vocês poderão encontrar

Até história de mulher em resguardo com um ano sem banhar

Agora imaginem como fazia pra esse povo namorar?

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Reviver a infância

No saber e no sabor

Foi o nosso objetivo nesses dias de oficina

Não falamos só de comida, mas revivemos a vida

Em sua totalidade priorizando o amor.

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A história não pára aqui

A Literatura de Comer vai encher muitas barrigas

Uma mistura, um angú, de idades, saberes e gostos

Que serão fortes lembranças

Um Legado à nossas vidas.

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Palavras ficaram poucas

O coração ficou pequeno parece que diminuiu

Não deu para caber tanta positividade que por aqui a gente viu

Léo Mackllene, Simone Passos, Chica do PT,..., um equipe varonil

Cozinheiras, pescadores, alunos...

Crianças, jovens, idosos levando a História de Carinhanha pro mundo e para os quatro cantos desse belíssimo BRASIL.

Jamerson Fernandes Duque

JAMERSON DUQUE
Enviado por JAMERSON DUQUE em 26/08/2011
Código do texto: T3183374