O RICO E O POBRE
O Rico e o Pobre
Guel Brasil.
Doutor já ouvi historias
Contadas de todo jeito,
Eu sei que Deus fez o homem
E se arrependeu de ter feito,
E a sabedoria diz
Que nenhum homem é perfeito.
E desde o dia que nasce
Até a hora da morte,
O homem luta e constrói
Zombando da própria sorte,
A vida dá e a morte tira
Por mais que ele seja forte.
Sempre passa dos limites
Na linha da evolução,
Se nasce em berço de ouro
Piora a situação,
Faz o pobre de capacho
Que aceita a humilhação.
E ainda tem quem me diga
Que isso vai se acabar,
Que todos serão iguais
Em todo e qualquer lugar,
Vivo implorando pra Deus
Pra esse dia chegar.
Desde o começo do mundo
Que existe essa divisão,
Rico precisa de pobre
E pobre tem precisão,
Pobre precisa do rico
Que abusa da situação.
Rico tem morada boa
Pobre mora na favela,
Prato de rico é de louça
Pobre come na panela,
No lugar que o rico mora
Tem um pobre de sentinela.
Rico não limpa banheiro
Nem lava a roupa que veste,
Até a comida que come
É o pobre quem faz o teste,
Situação que se vê
De norte a sul de leste a oeste.
Casa de pobre é barraco
Casa de rico é mansão,
Filho de rico é doutor
Filho de pobre é ladrão,
E se esse pobre for negro
Piora a situação.
Pobre viaja de trem
Rico de caro blindado,
Na festa que o rico entra
Pobre não é convidado,
Rico até quando morre
Tem tumulo preparado.
A cova de pobre é rasa
Num cemitério qualquer,
Doença que mata rico
Pobre não sabe qual é,
Rico deixa testamento
Pobre, só filho e mulher.
Pobre vive de teimoso
E o rico de regalia,
Rico come toda hora
Pobre uma vez por dia,
Barriga de rico é cheia
Barriga de pobre é vazia.
Rico reclama de tudo
E o pobre sofre calado,
Se o rico fica doente
Tem aonde ser tratado,
Pobre morre antes da hora
Em qualquer canto jogado.
Nos quatro cantos da terra
Que tenha rico tem pobre,
Um precisando do outro
Onde o sentimento é nobre,
Na morte todos se igualam
Todos têm a mesma sorte.
Hoje é o rico que padece
Por culpa da divisão,
Cercado por segurança
Se tranca em sua mansão,
Tem medo da própria sombra
Que se projeta no chão.
Vive do capitalismo
Guardando não sei pra que,
Todo o dinheiro que ganha
Segura pra não perder,
Tem deles que guarda em casa
Que é pros outros não saber.
O salário que rico ganha
Chega à casa de milhão,
Pobre vive das migalhas
Que os ricos jogam no lixão,
Rico não sabe o que ganha
E pobre vive de tostão.
O salário que o rico paga
Pro pobre sobreviver,
É tão pequeno doutor
Que mal dá para comer,
Chega a ser cem vezes menos
E o rico não quer nem saber.
Mas o capeta tem olhos
Que olha pra todo canto,
É onde o rico esperneia
E lembra que Deus é santo,
Mais aí não tem mais jeito
E a vida perde o encanto.
E como a morte é certa
Não adianta espernear,
Corre de um lado pra outro
Tentando se esquivar,
Acaba gastando tudo
Querendo a morte comprar.
E tudo se acaba em nada
Seja rico, ou seja pobre
Por que aqui tudo se perde,
Seja plebeu seja nobre,
A carne é fraca, apodrece
E a mãe terra tudo cobre.