POETA JOSÉ SALDANHA: PÉS CALÇADOS DE POESIA
Meu caro leitor
Hoje cumpro essa façanha
De vir homenagear
Aquele que o céu ganha
O poeta popular
O saudoso Zé Saldanha
Sinto a felicidade
De tê-lo conhecido
Mesmo distante
Nunca será esquecido
Grande mestre da poesia
Com ele tenho aprendido
Nascido e criado
No sertão em Piató
Era muito paquerado
Não queria ficar só
Encontrou Jovelina
E casou-se de paletó
Com ela teve oito filhos
Razão para se orgulhar
Ele fora muito amado
Criação lhes soube dar
Sua missão foi cumprida
Que caráter exemplar
Mesmo sendo importante
Mantinha serenidade
O seu maior exemplo
Foi a sua humildade
Enalteceu sua alma
E a sua dignidade
Pra criar seus filhos
Fez de tudo um intento
Levou as cargas da vida
No lombo do jumento
E centrava na poesia
O seu melhor pensamento
O cabra que é macho
É bom e desenrola
Saldanha também foi
Cantador de viola
Cada dia ele tirava
Um coelho da cartola
De muito lutar na vida
Jovelina sentiu-se mal
E para tratar da saúde
Vieram para Natal
Saldanha criou um cantinho
Que era o diferencial
Sentindo falta do sertão
Deu-lhe então um lampejo
Ele criou em sua casa
Ambiente sertanejo
Sinto falta do sertão
Faz tempo que não vejo
As coisas não eram fáceis
Naquele antigo sertão
E os versos do cordel
Faziam mediação
Saldanha foi chamado
De repórter do sertão
Folhetos de cordel
Escreveu mais de mil
Por isso ele merecia
Reverencia do Brasil
Que deveria aclamá-lo
E nunca ser hostil
O cordel tinha importância
De ordem fundamental
Era o veio da poesia
E também instrumental
Portava informações
Valia mais que o jornal
Quem escrevia cordel
Tinha credibilidade
O cordelista sempre soube
De sua responsabilidade
De tecer a poesia
Com caráter e verdade
No tempo que era jovem
O livro era um relicário
Quando tinha uma dúvida
Consultava o Lunário
O cordel naquela época
Era revolucionário
Saldanha percebeu
E dele não abriu mão
E o seu primeiro cordel
Foi “o preço do algodão
Era a riqueza da época
Valia ouro aquele grão
No tempo do algodão
Tudo veio melhorar
Ganhava quem o colhia
E quem o fosse tear
E com dinheiro no bolso
O povo vai farrear
Eu creio que lá no céu
São Pedro estava esperando
E com muita ansiedade
Os anjos se revezando
Para receber Saldanha
Que no céu está glosando
Não se entregou ao tempo
O poeta sonhador
Interagiu com ele
Frente ao computador
Mostrando que na verdade
Poesia não tem idade
É um dom do criador
Eu sei que lá no céu
Tu estás a versejar
Um bocado de poesias
Para a todos encantar
No baú do coração
Os teus versos vou guardar