Apologia poética ao meio ambiente e a toda espécie de animal e vegetal

APOLOGIA POÉTICA AO MEIO AMBIENTE E

A TODA ESPÉCIE DE ANIMAL E VEGETAL

Ó musa dos sertanejos

Socorre o poeta pobre

Que de coração bondoso

Mas sem poder e sem cobre

Se abate de tristeza

Por sofrer a natureza

Tão bela, tão grande e nobre

Inspira-me São Francisco

Que padecestes agruras

Que eu louve o Criador

E não sinta amarguras

Que eu cante o canto bonito

Que fizestes ao bendito

O cântico das criaturas

Moramos num globo azul

Que tem mais água que serra

Devia se chamar água

Lhe batizaram de terra

Seu racional morador

Tem fama de sabedor

Mas é sempre o que mais erra

Mas só erra porque tenta

E Deus lhe dá a ciência

É pena que erre tanto

E tente manter decência

Depois de muito abusar

Aí vai tentar limpar

A turvada consciência

Aí vem ecologia

Um tema muito batido

E eu não sou de ladainha

Nem orador presumido

Mas lhe faço reverência

Se me ouvir com paciência

Cidadão de bom ouvido:

O mundo um dia se acaba

Com tristeza ou alegria

Mas não é preciso pressa

Pra se viver esse dia

Contudo some a beleza

No sofrer da natureza

Adiantando a profecia

Bom é morrer de velho

Sem fazer mal a ninguém

Extinguir uma espécie

É coisa que não convém

Virtude é cuidar da lida

Tentar preservar a vida

Igual um Matusalém

Um dia a revolução

Deu o motor a vapor

Veio com intrepidez

Sem pensar noutro valor

Destruiu planta e raiz

E fez tudo quanto quis

Por dinheiro, seu amor

Mas o dono do motor

Não pensa prá entender

Que sem água boa e limpa

O que é que vai beber?

Talvez derreta seu ouro

Pra se fartar de tesouro

Quando a sede lhe bater

Vivemos no mundo azul

Que pouca gente preserva

Não é sendo um ermitão

É sim se fazendo guerra

Contra a poluição

Pondo fim a extinção

Que se melhora essa terra

Existem palavras-frases

Que nem gosto de escutar:

-É desertificação!

-É o degelo polar!

-O ozônio sem camada!

-É a ovelha clonada!

-Sobe o nível do mar!

É o comércio de peles

De exóticos viventes

É a acidez da chuva

Grandes secas e enchentes

Abalos e vendavais

Nuvens de fumaça e gás

E os ricos indiferentes

É a biopirataria

Do veneno da serpente

Roubaram cupuaçu

Da seringueira a semente

É deles a copaíba

E o que ninguém duvida

É que roubem mais a gente

A biodiversidade

Se sustenta a si em vida

Precisa ser preservada

E muito bem assistida

Cada espécie amparada

Nenhuma abandonada

E nunca desprotegida

Que o estudo dos genes

Da grande engenharia

Venha nos proporcionar

Uma maior sintonia

Graça, amor e ventura

Criador e criatura

Ciência e poesia

Todos os ecossistemas

Necessitam de cuidado

“Todo vegetal ceifado

Precisa ser replantado”

Padim Ciço exortava

Essa regra ensinava

E deve ser relembrado

Sou cearense do vale

Minha terra é querida

Nos anima o Jaguaribe

Rio, que nos dá guarida

E a palmeira brejeira

Por nome carnaubeira

Que é a árvore da vida

Ainda não é tão tarde

Prá alguns bichos salvar

Sei que ainda existem folhas

Que possam limpar o ar

Mas vamos parar um pouco

E deixar de ser o louco

Que se destrói sem pensar!