Sonho bom, som ruim
Sonhei que eu era um músico
Que era um cantor popular
Minha voz era a do Milton
Tal o Caetano a interpretar
Nas letras, Chico era o guia
Com as melodias do Barth
O Sinatra dava o jeito
Aquela certeza no olhar
Eu era o Tom quando ao piano
Tinha uma “bossa” pra tocar
E se não muito me engano
O João Bosco ao solfejar
Para obras que eu gostava
Dentro da MPB
Cássia Eller me inspirava
Ajudava a escolher
Na Elis imaginava
Como haveria de ser
Los Hermanos e Nação
Cordel do Fogo encantado
Calos Santana e Dominguinhos
Por vezes me acompanhavam
No back-vocal: Zizi,
Gal e Nana pontuavam
O palco do Rock in Rio
Servia de inspiração
Para a montagem que iria
Fazer apresentação
Com os arranjos do Gil
João Gilberto ao violão
Acordei vendo na Globo
Calcinha Preta cantando
E pensei: meu Deus! De novo!
O enterro está voltando
Sertanejo, axé, pagode!
...E agora isso tocando?
Foi um choque tão brutal
Que desliguei a tv
Mas o som residual
Vem perseguindo você
Fui pro bar, mas tudo igual
Adivinhe o dvd?
Que saudade do meu sonho!
Não porque eu fosse cantor
Mas o caso é: música hoje
É uma lástima, um horror!
OK, não discuto gosto.
Cada um tem seu valor
Umas valem os 3 reais
Lá da banca dos piratas
Ilegalidade à parte
Estes aí? Nem de graça!
Não consigo encarar
Os bregas desafinados
Valei-me Nossa Senhora
Dos tímpanos ultrajados!