CARRETILHAS ABSURDAS
Ganhei numa rifa
Um pé de pimenta
Queimou minha venta
Vendi pro califa
Paguei a tarifa
Montei num camelo
Pelado, sem pêlo
Cruzei o deserto
No frio, descoberto
Dormi sobre o gelo
À luz d'alvorada
Vi um viajante
Em seu elefante
Vendendo cocada
A cobra invocada
Mordeu minha perna
Fiquei sem lanterna
No meio do mato
Pisei sobre um rato
Fechou-se a caverna
Na pressa, corri
Tomei belo tombo
Dei milho pro pombo
Mel pro jabuti
Da toca, o quati
Voou pro riacho
Maçã deu em cacho
Banana em touceira
A "véia" parteira
Tirou neném macho
Voltando ao cassino
Perdi minha ficha
Raspei a barbicha
Virei um menino
Magrelo, mofino
Igual ao Sansão
Comi na pensão
Três "quilo" de tripa
Apanhei de ripa
Quebrou meu facão
A neve foi tanta
Que fiz um boneco
Faliu o boteco
Fiquei sem a janta
Ranguei uma planta
Roubada na feira
Deu baita coceira
Nos dedos do pé
Foi, sim, bote fé
Pergunte ao Limeira
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Mais uma homenagem ao impagável e genial Zé Limeira, o Poeta do Absurdo