CORDEL ABSURDO

CORDEL ABSURDO

Paulo Gondim

13/0/08/2011

Naveguei os sete mares

Com remos de girassol

Corri quase duas léguas

Num jogo de futebol

Vi você naquela rua

Se desviando da lua

Que quase encobria o sol

Tomei um chá de cebola

Me banhei na camarinha

Um sujeito me acordou

E perguntou o que eu tinha

Disse a ele: tava sujo

Fedendo mais que sabujo

De ciúmes da vizinha

Deixei o barco na praia

Os remos botei num vaso

Olhei a lua no céu

Cai num buraco raso

Nem era dia nascido

Sai dali escondido

Escapei por mero acaso

Foram três dias de luta

Acabei num cemitério

Na festa de aniversário

Do coveiro Eleotério

Mais de três almas penadas

Andavam pelas calçadas

Desfazendo seus mistérios

A vizinha quando soube

Que dela tinha ciúme

Foi falar com o coveiro

Que lhe vendeu um perfume

E perguntou pela lua

Descoberta, quase nua

Quebrando qualquer costume

Aquele chá de cebola

Me fez doer a barriga

Vi a nudez da vizinha

Que vive a fazer intriga

Comprou três cachorros pretos

Pendurou em dois espetos

E o milho já deu espiga

Eu parei de navegar

A vizinha foi embora

Os cachorros se afogaram

Um morreu de catapora

O coveiro ficou surdo

Com esse verso absurdo

Que chegou fora de hora.