PRESO PELO DESTINO

Não é só pela seca

que se deixa o sertão!

È também por trabalho,

por melhor condição,

que se deixa a família

e corre atrás de patrão.

È triste companheiro

você largar a amada,

os filhinhos queridos

e sair pela estrada,

tendo somente certo:

a saudade e mais nada.

Ir pra lugar estranho,

ver estranha gente.

Não pensa como nós,

nos trata diferente.

Sendo discriminado,

o coração se ressente.

Dias longos demais,

custam tanto a passar.

Vivendo forasteiro,

somente a trabalhar

e juntar o possível

à família mandar.

Ainda por pagar

o que foi emprestado

pra fazer a viagem!

Passa "mal bocado"

Vivendo tão triste

ali escravizado.

Assim passa o tempo,

preso pelo destino.

Diz o filho rapaz,

que ele deixou menino:

"Não conheço o meu pai

que me deixou franzino".

Damísio Mangueira
Enviado por Damísio Mangueira em 11/08/2011
Reeditado em 03/10/2011
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