PRESO PELO DESTINO
Não é só pela seca
que se deixa o sertão!
È também por trabalho,
por melhor condição,
que se deixa a família
e corre atrás de patrão.
È triste companheiro
você largar a amada,
os filhinhos queridos
e sair pela estrada,
tendo somente certo:
a saudade e mais nada.
Ir pra lugar estranho,
ver estranha gente.
Não pensa como nós,
nos trata diferente.
Sendo discriminado,
o coração se ressente.
Dias longos demais,
custam tanto a passar.
Vivendo forasteiro,
somente a trabalhar
e juntar o possível
à família mandar.
Ainda por pagar
o que foi emprestado
pra fazer a viagem!
Passa "mal bocado"
Vivendo tão triste
ali escravizado.
Assim passa o tempo,
preso pelo destino.
Diz o filho rapaz,
que ele deixou menino:
"Não conheço o meu pai
que me deixou franzino".