Versões da vida
Nessa tal busca frenética
Com um tanto assim de medo
Nessa procura hipotética
Pra desvendar os segredos
Pra decifrar dialéticas
Das crenças e seus enredos
Escutam-se as estórias
Que tanta gente nos conta
Com a certeza peremptória
Da fé que o caminho aponta
Com provas comprobatórias
Que há alguma época remonta
Desconfio que a verdade
Se é que existe só uma
Mas considerando o alarde
Deve existir alguma
Já está ficando é tarde
Pra não crer mais em nenhuma
Assim, particularmente
Fico a fazer exercícios
Interligando na mente
O que encontro de indícios
Pra de forma convincente
Compor sem muito artifício
Viajo nessas hipóteses
De que o homem é mais antigo
Civilizado e com posses
Mas que, desaparecido,
Não deixou rastro que possa
Realmente ser seguido
Quem sabe por que razão
Não se esclarece os mistérios
Sem que haja explicação
Que se leve muito a sério
Ocupando o tempo então
Com versões a seus critérios
A ciência é aliada
Para explicar às pessoas
Recorrentemente usada
De forma ruim e boa
Já que está atrelada
E não sobrevive à toa
Na panela dos enigmas
E mistérios da existência
A origem não se digna
A explicar à ciência
E quebrar o paradigma
De sua onipotência
E aí fica a lacuna
Pra mil especulações
E quem sobe na tribuna
Para dar explicações
Não fala o que se coaduna
Com as interrogações
Em mais uma opinião
De tantas que se escuta
A minha é só grão
Fécula de araruta
Certamente exprimo em vão
Somente para quem curta
Acho mesmo é que vigora
Muitas adaptações
De estórias da pré-história
Que fizeram inclusões
Tanto antes como agora
Dentro das religiões
Como se trata de fé
O profundo do ser humano
No que se aprendeu até
Ao longo de tantos anos
Não é um cordel qualquer
Que alertará para um engano
Por isso fico à vontade
Pra fazer minhas viagens
Usar criatividade
Para aproveitar as margens
Da oficialidade
E exercitar liberdade
História e Teologia
Ciência e religião
Cada um tem o seu guia
Segue às vezes a mesma mão
Mas pouco se desconfia
Se têm ou não têm razão