PERIPÉCIAS DE UM HOMEM EMBRIAGADO
Quando terminei este texto, pensei que tinha feito minha autobiografia
O homem embriagado
Faz da lua a companheira
Se equilibra em corda bamba
Faz discurso na cadeira
Tira a tampa e toma um gole
Dança frevo e bole-bole
Paga mico a noite inteira
O homem embriagado
É um dente quando dói
Não teme coisa alguma
Vira até super herói
Nada contra a cachoeira
Salta duma ribanceira
Dá mortal na sua Caloi
O homem embriagado
Veste blusa ao contrário
Dá conselho, julgamento
Da paróquia é o Vigário
Faz do forno sua lareira
Se refresca em geladeira
Dorme dentro do armário
O homem embriagado
É um ser que vive em Marte
Faz desenhos garranchosos
Fala que é obra de arte
Não se olha no espelho
Mas se acha um coelho
Faz burrice em toda parte
O homem embriagado
Perde o rumo e a direção
Anda tricotando as pernas
Faz do vento a condução
Não consegue abrir a porta
Sua paciência esgota
Dorme no espaço do cão
O homem embriagado
Pega o premio sem ter ganho
Fez o uso da toalha
Sem ao menos tomar banho
Fez do garfo o seu pente
Fez gel de pasta de dente
Bicho fora do rebanho
O homem embriagado
Tem delírios tipo febre
Ele enxerga uma mansão
Onde tem só um casebre
Faz pose, tira retrato
Mas não vê que o seu gato
Foi trocado numa lebre
O homem embriagado
Quer fazer filme de ação
E mostrar pra sua Dalila
Que é forte igual Sansão
Quer partir pedra espessa
E botar sua cabeça
Na garganta do leão
O homem embriagado
Pensa que é esportista
Grita pulando da laje
Feito um para quedista
Sua mente desatina
Quando brinca na piscina
Se achando um surfista
O homem embriagado
Tem distúrbios de visão
Vai passar uma noitada
Com um tremendo avião
Madrugada se degusta
Amanhece ele se assusta
Com a cara do canhão
O homem embriagado
Mente frágil tipo ovo
É motivo de chacota
Vive na língua do povo
Ele nem se desespera
Descansa e se recupera
Pra fazer tudo de novo
Se for dirigir não beba, você pode derrubar o copo.