CAIA TUDO (QUASE TUDO)
Caia todo preconceito
Caia a discriminação
Do bandido, caia a mão
Toda falta de respeito
A desfeita do prefeito
Caia quem tiver armado
O rancor do amargurado
Caia toda a lambança
Só não caia a esperança
De quem vive apaixonado
Caia toda a ignorância
Caia abrigo e mantimento
Para o homem no relento
Que vive na mendicância
Caia toda discrepância
De quem está no poder
Caia fé em quem não crer
Caia toda inadimplência
Só não caia a consciência
De quem cumpre com o dever
Caia alivio, caia a cura
Para quem tiver doente
As algemas desta gente
Presas pela ditadura
Solução a quem procura
Caia todo egoísmo
Só não caia o civismo
Caia protetora mão
Pra amparar o cidadão
Na beirada do abismo
Caia todas as armadilhas
De quem promover a guerra
Caia paz em toda Terra
Caia todas as matilhas
Só não caia as maravilhas
Caia o gesto obsceno
Caia luz neste terreno
Caia toda divergência
Só não caia a paciência
De quem se manter sereno
Caia toda iniqüidade
A incerteza do escuro
Caia o pilar do muro
Que esconde a verdade
Só não caia a santidade
A cobiça dos alheios
A mulher de modos feios
Caia toda alma ingrata
Só não caia da mulata
A firmeza dos seus seios
Caia toda falsidade
Caia toda pilantragem
Só não caia a malandragem
De quem tiver sagacidade
E promove a igualdade
E caia toda a heresia
A peste da pedofilia
Só não caia a emoção
Que cultiva a inspiração
E frutifica a poesia