Injustiça
É muito injusto
Injustiça de mais, moço
Cuma é que pode
Sofrê tanto numa vida só
Puriço que eu quiria sê a muié gato
Tê logo sete vida, assim quando
Eu me aperiasse cum essa vidinha disgraçada
Me arretirava bem pra longe pros confim da terra
Prumode num guento mais tanta amolação
Vai de ré urucubaca!
Puriço que vou inté tomá banho de sal grosso
Cum cumigo-ninguem-pode e ispada de São Jorge
Pruque as coisa só apiora parece inté macumba.
Orto dia incontrei um sujetcho que me imprestô um dinhêrinho
E saí correno gritano: São Lázaro, São Lázaro.
Ave Maria, quem butô uiado ni mim, butô bem butado
Bucado de gente uzurento num sabe gaiá a vida e fica secano o zoto
Puriço que eu quiria mermo sete vida pra quando me aperriá dá fim logo
E num ficá isperano o dia que Deus me gritá e me levá pra riba.
Arri égua pra que tanta disgramera meu Siô
Inté parece que probe já nasce amardiçoado e cum distino todinho tramado:
Nasce um bruguelo magrelo, imbruia ele num quêro de saco, dá leitche do peitcho inquanto que pode prumode logo vai acabá e a dona vai mpurrá farinha com café no buxo dos mininu... e quando crecê?
Ai meu deuzinho, ai se fô minina vira fessora e mininu vai sê ambulante ou cordelista