Injustiça

É muito injusto

Injustiça de mais, moço

Cuma é que pode

Sofrê tanto numa vida só

Puriço que eu quiria sê a muié gato

Tê logo sete vida, assim quando

Eu me aperiasse cum essa vidinha disgraçada

Me arretirava bem pra longe pros confim da terra

Prumode num guento mais tanta amolação

Vai de ré urucubaca!

Puriço que vou inté tomá banho de sal grosso

Cum cumigo-ninguem-pode e ispada de São Jorge

Pruque as coisa só apiora parece inté macumba.

Orto dia incontrei um sujetcho que me imprestô um dinhêrinho

E saí correno gritano: São Lázaro, São Lázaro.

Ave Maria, quem butô uiado ni mim, butô bem butado

Bucado de gente uzurento num sabe gaiá a vida e fica secano o zoto

Puriço que eu quiria mermo sete vida pra quando me aperriá dá fim logo

E num ficá isperano o dia que Deus me gritá e me levá pra riba.

Arri égua pra que tanta disgramera meu Siô

Inté parece que probe já nasce amardiçoado e cum distino todinho tramado:

Nasce um bruguelo magrelo, imbruia ele num quêro de saco, dá leitche do peitcho inquanto que pode prumode logo vai acabá e a dona vai mpurrá farinha com café no buxo dos mininu... e quando crecê?

Ai meu deuzinho, ai se fô minina vira fessora e mininu vai sê ambulante ou cordelista

Patricia Teixeira
Enviado por Patricia Teixeira em 03/08/2011
Código do texto: T3137827
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