EU NÃO APRENDI VOTAR.

EU NÃO APRENDI VOTAR.


TENTEI FAZER POESIA
SE NÃO PRESTOU MAS EU FIZ
PRA CONHECER MEU PAÍS
ESTUDEI GEOGRAFIA.
DOMINO A GASTRONOMIA
DO SUL ATÉ O NORDESTE
O PAPA HOJE SÓ VESTE
DAS ROUPAS QUE EU CRIEI
SEI DE TUDO MAS NÃO SEI
VOTAR EM GENTE QUE PRESTE.

EU JÁ LI O ALCORÃO
HISTÓRIAS DE VAQUEJADA
LI A HISTÓRIA SAGRADA
A VIDA DE LAMPIÃO.
LI AS COISAS DO SERTÃO
PAULO COELHO E JORGE AMADO
LI TANTO AUTOR AFAMADO
QUE NÃO DÁ NEM PRA FALAR
MAS NA HORA DE VOTAR
EU SÓ FAÇO TUDO ERRADO.

SEI FAZER UMA ORAÇÃO
QUE QUEBRA PONTA DE FACA
SEI FAZER LEITE DE JACA
DA PINHA FAÇO UM LIMÃO.
JÁ FABRIQUEI UM BALÃO
QUE FOI AO CÉU APRESSADO
COM MEU ABRAÇO APERTADO
PRA MAMÃE E PRA PAPAI
MAS O MEU VOTO SÓ VAI
PRA UM BANDIDO SAFADO.

EU SEI CURTIR UM SOM BREGA
SEI CULTIVAR UMA FLOR
SEI ESCREVER COM AMOR
BEBER CANA NA BODEGA.
SEI CONSERVAR UM COLEGA
COM RESPEITO ABSOLUTO
CONSTRIR UM VIADUTO
CHEIO DE CONVICÇÃO
MAS NO DIA DA ELEIÇÃO
SÓ SEI VOTAR EM CORRUTO.

BATO DE BAIXO PRA CIMA
NAS COSTAS DO MEU PANDEIRO
BATO FORTE EM VIOLEIRO
QUE CANTA FORA DA RIMA.
SE TIVER MATÉRIA PRIMA
FAÇO O VENTO ESVERDEADO
FAÇO O SOL NASCER GELADO
E A LUA RETANGULAR
MAS NA HORA DE VOTAR
SÓ ACHO CABRA SAFADO.

SEI ABRANDAR UMA ‘MINA’
FUNGANDO NO SEU CANGOTE
SEI TIRAR ÁGUA DO POTE
E TRANSFORMAR EM GASOLINA.
MEU SOPRO FAZ DA NEBLINA
O BAFO QUENTE DO VENTO
NO DIA DO NASCIMENTO
FIZ DO CHORO UMA CANÇÃO
NO DIA DA ELEIÇÃO
DO VOTO FIZ UM JUMENTO.