ALERTA AOS FEDELHOS

Uma vida em desperdício

Sapo soterrado em lama

Um doente em sua cama

Vadiando sem oficio

Torturado pelo vicio

Anda pela escuridão

Condenado ao caldeirão

Um vagão fora do trilho

Jóia ausente de seu brilho

Alça do próprio caixão

É panela e esfregão

Toca disco e cafeteira

Telefone e enceradeira

Abajur e televisão

Geladeira e o fogão

Vira lenha de fogueira

Some tudo na poeira

Inalado por um triz

Tudo adentra no nariz

Coisas de uma vida inteira

Sirene de camburão

Melodia do seu medo

Viciado sem segredo

Se drogando a exaustão

Vida derrubada ao chão

Não sobrou uma virtude

Cuide logo da saúde

Corra atrás de sua cura

Só se acha o que procura

Tome alguma atitude

O desejo determina

O inicio da fissura

Só termina a loucura

Quando a peste da narina

Vai de encontro à cocaína

Tal o coito de um galo

Aproveitando o embalo

Traz mais uma perdição

Pra continuar doidão

Fuma bosta de cavalo

Seu andar perambulante

Sua índole má vista

Uma fala esquisita

Um defunto ambulante

É a face do fragrante

Você é um caso sério

Já deixou de ser mistério

Não precisa Querubim

Me dizer que o teu fim

É cadeia ou cemitério

Eu escrevo ao fedelho

E apresento pra você

Ame aquele que tu vê

Do outro lado do espelho

Guarde bem este conselho

Dando ouvidos a seus pais

Viverás um tanto mais

Não cruze a arrebentação

Amarre sua embarcação

Em segurança no seu cais

Pietro Assis
Enviado por Pietro Assis em 29/07/2011
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