ALERTA AOS FEDELHOS
Uma vida em desperdício
Sapo soterrado em lama
Um doente em sua cama
Vadiando sem oficio
Torturado pelo vicio
Anda pela escuridão
Condenado ao caldeirão
Um vagão fora do trilho
Jóia ausente de seu brilho
Alça do próprio caixão
É panela e esfregão
Toca disco e cafeteira
Telefone e enceradeira
Abajur e televisão
Geladeira e o fogão
Vira lenha de fogueira
Some tudo na poeira
Inalado por um triz
Tudo adentra no nariz
Coisas de uma vida inteira
Sirene de camburão
Melodia do seu medo
Viciado sem segredo
Se drogando a exaustão
Vida derrubada ao chão
Não sobrou uma virtude
Cuide logo da saúde
Corra atrás de sua cura
Só se acha o que procura
Tome alguma atitude
O desejo determina
O inicio da fissura
Só termina a loucura
Quando a peste da narina
Vai de encontro à cocaína
Tal o coito de um galo
Aproveitando o embalo
Traz mais uma perdição
Pra continuar doidão
Fuma bosta de cavalo
Seu andar perambulante
Sua índole má vista
Uma fala esquisita
Um defunto ambulante
É a face do fragrante
Você é um caso sério
Já deixou de ser mistério
Não precisa Querubim
Me dizer que o teu fim
É cadeia ou cemitério
Eu escrevo ao fedelho
E apresento pra você
Ame aquele que tu vê
Do outro lado do espelho
Guarde bem este conselho
Dando ouvidos a seus pais
Viverás um tanto mais
Não cruze a arrebentação
Amarre sua embarcação
Em segurança no seu cais