Colonização
A índia vive no mato
Com sua grande aldeia
Come o que caça, de fato
E a terra, até semeia
Vive em plena natureza
Em harmonia, pura leveza
Com os irmãos divide a ceia
O português nasceu na cidade
Numa grande selva de aço
Não sabe caçar, é verdade
Sequer sabe fazer um laço
Compra o que tem que comer
Já vem pronto, é só aquecer
Na divisão, não da um pedaço
Já a índia, a tudo e todos ama
A terra, os animais, a natureza
E como uma grande mama
Cuida de todos com destreza
Dá carinho, amor e atenção
E pra todos ela estende a mão
Sequer conhece o que é tristeza
E o português não ama ninguém
Engole os outros, toma sua terra
E fazendo muito desdém
Promove mortes e cria guerra
Quase não sabe o que é amar
E de tanto ser mau e sacanear
No final, sempre se ferra
Um dia o português saiu de lá
Pra terra da índia veio conhecer
E não é que também quis roubar
Toda a riqueza que viu aparecer
E a índia coitada, era só sorriso
Caiu na cilada sem nenhum aviso
E viu sua terra toda perecer
Mas algo surgiu ali no momento
O português descobriu o amor
E pela índia sentiu um sentimento
Que nunca lhe tinha dado valor
E passou e ver tudo diferente
Pensava até em virar gente
E deixar de ser um usurpador
A índia também se viu envolvida
E ao português ensinou a amar
Mostrou a natureza, o bom da vida
E pôde o português perdoar
Aprenderam a sua diferença
Deixaram de lado a desavença
E assim constituíram um lar
Da índia o português aprendeu
Que a terra é tudo que se tem
Foi então que ele se arrependeu
De ter roubado de mais de cem
Virou assim um homem da terra
Trabalhando, subiu e desceu serra
E hoje só consegue fazer o bem
Maior prejuízo a índia teve
Perdeu sua terra e sua tribo
Perdeu pro português, que reteve
Levou tudo, não deixou nem recibo
E hoje é mãe de uma nova nação
De novos guerreiros de visão
Deles, hoje ela é o estribo
O que fica pra nós é o amor
Que soube a tudo perdoar
E aprendeu com louvor
A uma nova visão formar
A índia e o português são prova
De que a vida sempre se renova
Basta deixar o amor entrar