E por falar em saudade II * Autor: Damião Metamorfose.
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Com a ausência se pensa
Varias coisas, é verdade.
E entre essas varias coisas,
Doença é mais da metade.
Vai aumentando à devassa,
Quanto mais o tempo passa,
Ausência vira saudade!
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Saudade só não invade
A quem só a si se amou.
E o que não sentiu saudade
Não tem passado ou parou
No tempo, sem ver que a vida,
É mais doce e colorida
Pra aquele que se “arriscou”
*
Sinto saudade onde eu vou
Do que fui quando criança.
Buchudo e com pés descalços,
Perna fina igual chupança...
Hoje estou na meia idade
E sinto tanta saudade,
Que a mente às vezes se cansa!
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Viver é caminho e andança
E eu plantei no caminho
Por onde até hoje andei,
Gotas de amor e carinho...
Mas mesmo assim a saudade
De vez enquanto me invade
Nas horas que estou sozinho!
*
Se todos têm desalinho,
Também os tive na vida.
Que até cheguei a pensar
Que era um beco sem saída.
Mas depois, com certa idade,
Problemas viram saudade
De uma vida “bem” vivida
*
Saudade é uma ferida,
Que cicatriza e não sara.
Afasta-se e depois volta,
Quando ela ataca não para.
Causa um estrago danado,
Quando o presente e o passado
Juntam-se ou batem de cara!
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Quando eu fui de “pau-de-arara”
Para morar bem distante.
Levando o pouco que eu tinha,
Na mala de viajante.
Ao chegar lá eu senti
Saudade de onde eu parti
E sofri igual retirante!
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A saudade é causticante,
Mas é uma dor suportável.
Porém se o cabra afrouxar,
Ela mata o miserável.
E se ele não se cuidar,
Tenta afogá-la no bar
E sai de lá imprestável!
*
Deixa a mente deplorável,
Dá tontura e dor de dente,
Suor frio e tremedeira...
Às vezes mata até gente.
A Saudade rouba a paz,
Só sabe o que ela faz,
Quem sentiu ou inda sente!
*
Eu não conheço um vivente,
Capaz de avaliar.
O que a saudade faz
Quando vem para ficar.
Quem sente até avalia,
Mas não descobre a quantia
Pois não dá pra calcular!
*
O bom filho volta ao lar
Esse é um velho ditado.
Velho e muito verdadeiro,
Verdadeiro e muito usado.
Volta porque tem saudade,
Saudade não tem idade,
Idade nos faz moldado!
*
É um fruto adocicado
Maduro que não caiu.
É um sonho adormecido
Na mente de quem dormiu
E ao dormir viajou
No tempo e só acordou
Com a saudade que sentiu!
*
Fim