CORES, ROMANCES E SABORES
Meu Brasil miscigenado
E de muitas paisagens
Terra de todas as nações
Enxerguei varias vantagens
De provar o feminino
Variando embalagens
Namorei uma loirinha
Parecida com alemã
Formosura em seu rosto
Epiderme de avelã
O azulado dos seus olhos
Igual a clara manhã
Era lindo o contraste
Nada tinha de racista
Sua fala tão sublime
Muito longe de nazista
Se dizia apaixonada
A esse nego cordelista
Namorei uma cabocla
Bela como Iracema
Seus cabelos pelo ombro
Seu andar era um poema
Amorenada pelo sol
Da praia de Saquarema
Quando estava ao seu lado
Tudo ficava ameno
Ela era minha índia
E eu era o seu moreno
Nosso palco tinha atos
De romance e obsceno
Namorei uma japonesa
Dona de uma kawasaki
Dessedente de um povo
Da terra de Nagasaki
Que ficava arrepiada
Ao roçar meu cavanhaque
Linda como uma gueixa
Eu ficava a sua mercê
Nosso amor era tão quente
Tal garrafa de saquê
Causaria muita inveja
A qualquer cine prive
Me embolei com uma dama
Com costumes de francesa
De profunda elegância
Exalando safadeza
Foi difícil desgrudar
Desta linda marselhesa
Tempero do brasileiro
Foi sempre o que ela quis
A suculência do feijão
Lhe deixava tão feliz
Foi embora se dizendo
Não esquecer o meu Paris
Uma coisa me lembrava
O sabor de acerola
Eram os lábios da menina
Da colônia espanhola
Com seu jeito envolvente
De tocar a castanhola
Que romance parecido
Das historias de gibi
Filha de proprietários
Das indústrias de Madrid
Eu um simples serviçal
Labutante em Meriti
Minha preta até parece
Um anjo com aureola
Seus olhos, um par de ameixas
O gosto da carambola
Sou um escravo e você
Uma rainha quilombola
Essa negra é muito bela
Parecida Anastácia
Seus prazeres me consomem
São de grande eficácia
És meiga e perfumada
Como uma flor de acácia