Zé, o pescador de "lampião" Autor: Damião Metamorfose.
*
José resolveu pescar
À beira do riachão.
Estava pra mais de hora
Na maior azaração.
Já que não fisgava nada,
Deu foi uma cochilada
Encima do matolão.
*
Dormiu de vara na mão,
Esqueceu da pescaria.
Passou a hora do almoço
E já descambando o dia.
Nem sentiu que o sol arde,
Era quase fim de tarde
E Ele ainda dormia!
*
Um pescador que assistia
De longe, a aquela sena.
Teve uma idéia sacana,
Dessas da gota serena.
E resolvei aprontar,
Pra quando o Zé acordar,
Ri dEle sem sentir pena.
*
Saiu em passada amena
Adentrou no riachão.
Mergulhou e amarrou,
No anzol do “dormião.”
Deu um jeito de puxar,
Para ver Ele acordar
Gritando: é um peixão!
*
De longe deu um puxão,
José acordou na hora.
Deu um sopapo na vara
Que a mesma quase se tora.
Puxou, puxou e puxou,
O anzol nem molegou
Um tiquinho para fora!
*
Ele pensou... E agora
O que eu devo fazer?
É o jeito eu tirar a roupa
E entrar na água pra ver.
O que o anzol fisgou...
E assim fez, mergulhou
E o que viu, tu quer saber?
*
Pois então eu vou dizer,
Mas num é mentira não.
José ficou boquiaberto,
Com o pescado na mão.
E o pescado não era
Um peixe, nada, quem dera,
Era um velho lampião!
*
Sem cara de assombração
E demonstrando coragem.
Na hora ele percebeu
Ser vitima de sacanagem.
Saiu com o lampião
E guardou no matolão
Que estava ao lado da margem.
*
E o outro com vadiagem,
Sem demonstrar safadeza.
Aproximou-se do Zé
E perguntou pela presa.
E o José lhe mostrou
A lamparina e falou
Vou ver se pego uma acesa!
*
Fim.