Cabra macho é assim

O cabra pra ser bem macho

Tem que ter muita coragem

Si deita e fica embaixo

Pra passar a carruagem

Pega cascavel no dente

E lhe arranca o chocalho

Atravessa o rio à nado

Só pra não perder o atalho.

O cabra pra ser valente

Precisa de muita ousadia

Leva tiro e nem sente

Pega onça prenha e cria

Fuma cigarro de pólvora

Pula galho igual macaco

Quebra todos os seus copos

Mastiga e engole os cacos.

O cabra que quer ser brabo

Tem que enfrentar cão Fila

Morder-lhe a ponta do rabo

Agüentar soco do Maguila

Fazer o exame do toque

Sem ter medo do dedão

Ir pra África sem espingarda

E lutar com os leão.

O cabra pra ser bem macho

Tem que tomar suco de jiló

Fazer ninho igual o guaxo

Cantar como um curió

Sentar no meio do trilho

Quando o trem vier passando

E se um dia sentir sede

Bebe um mar e um oceano.

O cabra pra ser valente

Chupa bala de fuzil

Tem que falar ochente*

Fazer a unha no esmeril

Levantar o Jô Soares

Sem fazer o Bira rir

Fazer cama de urtiga

E deitar nela pra dormir.

O cabra que se diz home

Tem que pegar touro no braço

Comer carne que urubu come

Limpar os dentes com cabo de aço

Sentar na beira do córrego

Pra pescar só os tubarões

Da um tiro nos passarinhos

E derrubar três aviões.

O cabra que quer ser bravo

Enfia a mão na colméia

Arranca a cera e o favo

Faz da graxa sua geléia

Toma sopa de arruela

Com porca e parafuso

Não se esconde em currutela

De preguiça não faz uso.

O cabra pra ser machão

É preciso ter muito amor

Mesmo que a mulher for ruim

Não lhe bata nem c’uma flor

Tem que lhe dar conforto

Educá-la para o bem

Nem tudo que nasce torto

Vai morrer assim também.

Valentia é um dom

Que foi dada pelo Pai

Falo alto e em bom tom

De braveza me livrai

Minha vida vale mais

Que provar que eu sou macho

Quem tiver alguma dúvida

Abaixa a calça e fica embaixo.

Não existe valentia

Que agente nunca seduz

Cabra macho de verdade

Com certeza foi Jesus

Viveu com simplicidade

Mesmo sendo a própria Luz

E salvou a humanidade

Morto pregado na Cruz.

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 18/07/2011
Reeditado em 20/07/2011
Código do texto: T3103133
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