Cordel das duas

Duas são as nossas mãos

Atravessei duas pontes

Eu bebi em duas fontes

Esqueci duas lições

Aprendi duas matérias

Duas primas eram sérias

Afrontei com dois leões.

Duas vezes fui à luta

Duas vezes eu chorei

Duas talhas derramei

Descansei em duas camas

Me deitei com duas damas

Apaguei as duas chamas

Duas dívidas não paguei.

Caminhei por duas ruas

Duas vidas para ti

Duas vezes me perdi

Duas vezes fui achado

Duas listas do mercado

Duas: uma em cada lado

Mesmo assim não comovi.

Eram duas as negrinhas

Duas cestas de algodão

Duas caídas no chão

Duas cartas de alforria

Duas horas de euforia

Pras duas rimas seria

Preciso estender a mão.

Duas caras eu não tenho

Duas dúzias de emoção

Duas doses com limão

Duas mulas disparadas

Duas flores já murchadas

Duas horas não molhadas

No calor forte do sertão.

Duas horas de trabalho

Duas facas afiadas

Duas foices amoladas

Duas casas derrubou

Duas o vento levou

Duas sinas ali mudou

Pra subir duas escadas.

Duas eram as valsas

Duas músicas não escutei

Duas danças não dancei

Mas não gastei duas solas

Duas tristezas me assola

Por que duas ora-bolas?

Foi assim que acabei.

Edilson Biol
Enviado por Edilson Biol em 13/07/2011
Código do texto: T3093468
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