CROCOLANDIA-CORDEL
Cracolandia.
Guel Brasil
Eu sei que a cena é chocante
Dói na gente só de ver,
No centro de uma cidade
Que o mundo ouve dizer
Ser grande, ser majestosa
Sem ter muito o que fazer.
Sabemos que a Cracolandia
Hoje é cartão postal,
A mídia mostra sem cortes
Mostrando quem faz o mal,
Um câncer que não tem cura
Aqui a morte é fatal.
Ali a droga é vendida
Igual banana na feira,
Cada esquina um traficante
Que tem as pernas ligeira,
E pra ele não importa
Se é segunda ou sexta feira.
Entra doutor sai doutor
E a providencia não vem,
Se hoje eu contei cinqüenta
Amanhã vou contar cem,
E na hora do vamos ver
Não aparece ninguém.
“Crack, maconha, farinha”
Pra tudo tem comprador,
O desespero e tamanho
Que não lhe importa o valor,
É o remédio que ele tem
Prá aliviar sua dor.
É um bando de zumbi
Andando de lá prá cá,
Não tem “Diretos Humanos”
Ali que os possa ajudar,
A lei passa, vai e volta
E eles continuam lá.
O tempo não lhes importa,
Seja noite ou seja dia,
São moradores de rua
Que já perderam a valia,
Cada um conta uma história
De sofrimento e agonia.
__“Meu pai me espancava tio!
E só vivia embriagado,
Minha mãe é viciada
Vive no caminho errado,
Foi seguindo os passos dela
Que eu acabei viciado.”
__“Eu vivo na “Cracolandia”
Por não ter onde morar,
Eu sou morador de rua
Vivo de lá para cá,
E por não ter nenhum direito
Meu jeito é continuar.”
Essa tal de “Cracolandia”
É o inferno aqui na terra,
Peixes grandes vivem dela
Ai a justiça emperra,
E quando a justiça chega
Peixe pequeno se ferra.
É o grito dos miseráveis
No jugo dos traficantes,
Vendem crack vendem pó
Maconha é pra iniciante,
Esse mal tem o tamanho
Do nosso Brasil gigante.