Os Buêro Avuadô

Os Buero Avuadô!

Jorge Linhaça

Seria inté ingraçado

Num fosse tanto perigo

Hoje um novo inimigo

Meio que brota do chão

Com estrondo e explosão

Sem opção de abrigo

O povo corre assustado

Inté parece doidêra

Muita gente num credita

Nu tamanhu da desdita

Us buêro avuadô

Anda causando pavô

Na cidade tão bunita

Maravilhosa e facêra

Vinte e quatro avuaru

Cento e trinta inda inzéste

As tampa cabra da peste

Como arauto da mulesta

Avuam fazendo festa

I num há quem os conteste

Intão us bichus num parum

Si u coroné Nascimento

U tal da tropa di elite

Já anda tendo chilique

Cum tanta tampa perdida

Em meio a gente ferida

Imagine us tremelique

du povo i seu tormento

Agora andá na rua

É esporte perigoso

E já ninguém acha gozo

De saí prá passiá

Com medo di encontrá

Em um passeio gostoso

As tár das tampa qui avua

Pobre Rio de Janêro

Parece inté terrorismo

O demo vindo do abismo

Pior que as bala perdida

Us buêro ganhum vida

Em um novo cataclismo

As explosão dus buêro

Falam em copa du mundu

E tumem em olimpíada

Mas nem mesmo na Ilíada

Havia tanta aventura

Do que andar pela rua

Salvaguardando os fundu

Já pensaru a belezura

Da nova modalidade

Criada nessa cidade

U arremesso de tampa

Que a Ligth já encampa

Como grande novidade

D'olimpíada futura

E na copa, que legal

Qundo falta for cobrá

E para o gol for chutá

Não vai sair um canhão

Vão chamar de explosão

Da tal tampa a avuá

Para as rede du rival

Que beleza o carnaval

Essa festa de alegria

Com as nova alegoria

E os tal carro alegórico

Com novo tema folclórico

Os buêro, que ironia

Como enredo principal

E o povo, pobre coitado

Que dê lá o seu jeitinho

Prá protegê os fundilho

Das tais tampa avuadôra

Implore a Nossa Senhôra

Que proteja os seus filho

E os livre do mau fado

Não adianta multá

A tal da concessionária

Com uma multa precária

Feita só pra inglês vê

É preciso arresolvê

A coisa trágico-hilária

Para vidas preservá.

O povo fica calado

Parece que ninguém viu

Os tais bueiros do Rio

Explodindo todo dia

Fica a malta arredia

Num completo desvario

fingindo olhá prus lado

Será que só vão falá

Quando levá a tampada?

É tanta gente calada

Sem ter solidariedade

Com os demais da cidade

Fingindo não saber nada

Sem c'os outro si importá

Onde anda u amô

Cantado em verso e prosa

Por essa gente que goza

Do tal dom de escrevê?

Esperando alguém morrê

Para depois mandar rosas

Demonstrando sua dô?

Seria mais producente

Externar o seu pesar

E providências cobrar

Para evitar a tragédia

Ao invés de fazer média

E só belezas cantar

Sendo assim tão complacente

Que garrem pois nos seus verso

Ou na prosa da escrita

Pra evitar a desdita

Das morte noticiada

Das tais tampa arremessada

Como uma herança maldita

De um destino perverso.

Contatos com o autor

anjo.loyro@gmail.com

Arandu, 9 de julho de 2011