Pregação do Pastor gago.
Pregação do Pastor gago.
Num tem nada mais desmantelado,
Que discurso de pastor, pior aínda se for gago,
Pense num tirinete arretado,
Esse mico eu não pago.
Zé gaguim qu’é pastor, lá da igreja dos irmão,
É gago que dá dor, resfulega treme e chia,
Tropeça em tudo que diz , se arrasta pelo chão,
No discursar de sua crença, o povarel se acotovia.
Só pra ouvir a pregação do pastor que assim dizia:
“me me meus ir ir ir ma mãos, a a aqui qui pré pre sentes.
Vo vou con con tar a hi hi histó tó ria, de Jo Jo sé e de de Ma Ma Maria,”
Enquanto discursava, gesticulava trincava os dentes,
Só pra ver se à platéia convencia.
Entre o povo acotovelado sempre tem um engraçado,
Que solta sempre uma graça para todo muno ri,
Quando vem o biu caninha pedir de pés trocados,
“pastô me adescuipe o atrapai, essa num entendi,
Peço a vosmecê para o discuiço arrepitir”.
Zé gaguim que logo percebeu a tremenda gozação,
Num pensou nem duas vezes, e encarou o engraçado,
Tirou o paletó e a bíblia arremeçou na cabeça do irmão,
Que desabou feito jaca podre, aquele irmão embriagado.
Foi um oba-oba arretado, mas a pregação continuou,
“e e Je Je su sus fo fo foi ba ba ti ti za za do no no Ri Rio,
Jo Jor dão e me mer gu gu lhou lhou
em su suas á á guas pro pro fun fundas”.
Nessa hora a zefinha qu’é mulé de biu canário,
Fez também uma gracinha bem no meio do plenário,
E o Zé já invocado em sua ira profunda
A zefinha encarou e foi logo lhe dizendo:
“sa sa ia da da ca ca sa do sen senhor su sua gran de de va va ga ga bunda”.