O ROLETE DO PORCO

Miguezim de Princesa

I

Coisa boa é ter dinheiro

E nunca passar ruim,

Provar de um caviar

Ou um assado de rim

E, demonstrando poder,

Na rua assar e comer

Um gigante bacurim.

II

Foi isso o que sucedeu

Na Capital Federal:

Paulinho, o chefe da Força

Que chamam de Sindical,

Juntou duzentos convivas,

Os quais deram muitos vivas

E fizeram carnaval.

III

De tudo quanto foi canto,

Sindicalistas retados

Lotaram diversos ônibus

Oriundos dos estados,

Uns embaixo, outros em riba,

Vieram encher os quibas,

Ficar entupigaitados.

IV

O grupo era bem mestiço:

Tinha branco, amarelo e nego,

Com umas bandeiras amarelas

Reivindicavam emprego,

Umas bolsas contra a fome

E uma dose de Milome

Para o primeiro pelego.

V

Na quadra dois zero dois,

Que fica na Asa Norte,

Fizeram logo uma fogueira

Cujo fogo era bem forte,

Tomaram umas de lascar

E botaram pra assar

Um porco de grande porte.

VI

- É desse jeito que eu gosto -,

Foi dizendo um mais chegado.

- Lá em casa tem um porco

Que vive entupigaitado

Das moedinhas que sobram

Das obras que nunca obram

Nos escaninhos do Estado.

VII

Aí chegou Michel Temer,

Com um jeito de glutão,

Pegou um naco do porco,

Ficou com o toicim na mão,

Limpou a boca e as vistas,

Saudou os sindicalistas

- E viva a revolução!

VIII

Pelegos comeram tanto

Que alguns sentiram dor,

Mais umas lapadas de cana

Para aumentar o calor,

A verdade nua e crua:

Quem mora naquela rua

Quase morre com o fedor.

IX

A farra já ia alta

E pintou um sentimento:

Sobrava um terço do porco,

Mas, com o empanzinamento,

Um deputado bebaço

Sugeriu dar o pedaço

Para Alfredo Nascimento.

X

Enquanto todos comiam,

O bêbado João de Nadir

Passava tombando ao lado

E chegou a sugerir,

Com sua voz de falsete:

- Do porco deixem o rolete

Pro povo se divertir.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 06/07/2011
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