Confissão de um adúltero
Mentira tem pernas curtas,
Isto eu sei, por que menti.
Sofri dezenove anos
Por tudo que omiti.
Quis guardar em escaninho,
Escondendo fui mesquinho,
Confundindo me perdi.
Cometi o adultério
Por burrice, insensatez.
Por falta de hombridade
Meu castelo se desfez.
Tomado de ingenuidade,
Que pra um macho é qualidade,
Eu cedi, foi minha vez.
Veio o arrependimento,
O desespero total.
Procurei no horizonte
Um desfecho para o tal.
Eu não soube o que fazer,
Mas já pude perceber
Qual seria esse final.
E daí veio pior,
Pois o tempo foi passando...
Cada dia uma história
E a mentira aumentando.
Tapando o sol com peneira,
Cada ano um besteira
E, na lama, eu afundando.
Deixei de ganhar amor,
Carinho, compreensão,
Tomado de covardia
E medo de rejeição.
Carreguei a minha cruz,
Agora me deram a luz,
Para minha redenção.
Tenho o peito aliviado,
Mas a dor ainda persiste.
Cada lágrima que rola
Mostra que ela resiste.
Mas, não ha coisa maior,
A verdade ainda é o melhor
Remédio pra idiotice.
Eu não espero perdão,
Que entendam, eu espero,
Pois omitido sofri,
Minha culpa, eu considero.
Magoei, fui engando,
Escondi, fiquei calado,
Fui errado, eu reitero.
A dor de uma traição
Sei que é imensurável.
Pra aquele é que traído
É um gesto abominável.
Pode até haver perdão,
Mas não há consolação,
Pra este ato lastimável.
Atire a primeira pedra
Aquele que não pecou.
Que dite minha sentença
Aquele que perdôo.
Pois mereço meu castigo,
Não vou procurar abrigo,
Mas o que passou, passou.
Fico cá com a minha dor,
Por dor ter, eu, provocado.
Com meu arrependimento
Por tantos ter abalado.
O Senhor que me perdoe,
E que eu nunca mais magoe
Para não ser magoado.
Valdir Oliveira
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