NOITE DE SÃO JOÃO
1-Peço a Deus permissão
Que inspiração venha me dar
Para lembrar o passado
E aqui poder narrar.
Da noite de são João
Que sinto no coração
E me faz recordar.
2-O são João está chegando
Vamos aqui comemorar
Cortar lenha no mato
Para a fogueira montar.
Comer milho e soltar balões
E queimar muito foguetões
Para pode festejar.
3-Mais na véspera do são João
Bem cedinho agente caminhava
Em direção ao grande roçado
Com poucas horas chegava.
Papai o milho tirando
E eu com um saco apanhando
E pra casa voltava.
4-Então começava a tarefa
Mamãe a palha do milho tirando
E eu com muito cuidado
O cabelo eu ia limpando.
Aquela palha mais perfeita
Mamãe ali não rejeita
E ia logo costurando.
5-Depois em seguida
Ela botava pra cozinhar
As palhas já costuradas
Para pamonha preparar.
Uma panela no fogo fervendo
O milho danado moendo
Para amassa embalar.
6-Quando a pamonha embalada
Mamãe:- dizia esse resto aqui fica
Eu perguntava:- Pra quer mamãe?
Ela respondia:- Não justifica!
Eu sempre ali perguntando
E mamãe logo se irritando
Respondia:- É pra canjica.
7-Mamãe mexendo a canjica
Eu e papai o quintal ia enfeitar
Agente pegava pés de milho
E perto da fogueira ia plantar.
Papai a fogueira levantando
E eu a bandeira enfeitando
Para a noite hastear.
8-Por volta das 18h00min horas
Tudo ali já preparado
O mastro do senhor são João
De imediato era hasteado
Papai de uma promessa que fez
Dizia:- graças mais uma vez
O são João muito obrigado.
9-Papai muito animado
Fogo na fogueira botava
Uma dúzia de foguetões
Para o santo ele soltava.
Mamãe no santuário orando
Uma vela ali afirmando
E pra são João ela rezava.
10-E eu com meus irmãos
A noite toda brincando
Com fogos ali variados
Feliz ficava soltando.
Quando os fogos acabavam
As brasas logo juntavam
E milho ficava assando.
11-Já bem tarde da noite
Churrasco agente preparava
Lingüiça com asa de galinha
O que a turma mais gostava.
Uma tolha no chão estendida
Depois colocava a comida
E agente feliz se saciava.
12-Tinha um forró pé de serra
Três homens ali tocando
Um com um triângulo
E outro danado cantando.
Outro batendo numa lata
E o povo ali dançando.
13-Era o forró de toda a família
Que a vizinhança inventava
Como não tinha instrumento
Agente mesmo criava.
Assistir banda não podia
E também não existia
Mais agente brincava.
14-Termino aqui esse cordel
Narrando a minha mocidade
No tempo que era criança
Hoje já na maior idade.
Esses dias que não voltam mais
Feliz ao lado de meus pais
Resta-me apenas saudade.
João Pessoa- 21 de Junho de 2011