OS VIAJANTES E O URSO *

Um dia dois viajantes
Pela estrada caminhantes
Passam apuro, aflição
Tomados por calafrio
Notam um urso bravio
Vindo em sua direção

Evitando ser um alvo
Sobe, para se ver salvo
Numa árvore o primeiro
Com medo da dita fera
Ele corre, nem espera
O seu pobre companheiro

O que fica lá no chão
Busca alento, solução
Para ter algum conforto
Sem querer perder a vida
Encontra logo a saída
Deita e se finge de morto

"Com respiração suspensa
Vou me safar" ele pensa
"Desse modo, evito a morte"
O bicho cheira de perto
Que é cadáver fica certo
E se vai, pra sua sorte

Restaurada a calmaria
O sujeito se alivia
Por não virar um defunto
O que estava lá em cima
Do parceiro se aproxima:
"Uma coisa lhe pergunto"

"Enquanto estava caído
Vi falar ao seu ouvido
Aquele medonho bicho
Diz pra mim, faz o favor:
Em que consiste o teor
Do referido cochicho?"

"Disse pra tomar cuidado
E não viajar ao lado
Daqueles falsos amigos
Que, de pronto, dão o fora
Se a situação piora
E percebem os perigos..."

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* Adaptação da fábula de Esopo