SE PUDESSE, FARIA CHOVER NO SERTÃO
Não falo com deboche
Tampouco de ironia
A chuva neste Estado
Desabando em demasia
Será por obra divina
Ou causa da geografia
Enquanto os nordestinos
Residentes no sertão
Comendo pão amargo
Amassado pelo cão
Sem verem a cor d’água
Naquele eterno verão
Se pudesse, sopraria
Nuvens pra aquele lugar
E num toque salvador
O chão poder molhar
Pondo fim ao sofrimento
E com a seca acabar
Amarraria a estiagem
E prendia no calabouço
Ficando submergida
De água até o pescoço
Mesmo que preciso fosse
Colocar a mão no bolso
Faria jorrar tanta água
Sem deixar tudo alagado
Suficiente pra molhar
A garganta do seu gado
Aliviar da sua costa
O sufoco deste fardo
Estou fazendo economia
Pra encher seu ribeirão
E verás prosperidade
Fartura em seu torrão
Ficará recuperado
O verde da plantação
Pai Supremo me ajude
Com águas celestiais
Permita que aquele povo
Não se enferma, nunca mais
Transformando a secura
Em eternos mananciais
Quem é rico tem banheira
Água quente na piscina
Usa pra lavar o quintal
Usa pra lavar a esquina
Enquanto pro sertanejo
Falta água até na tina
Um dia talvez meu sonho
Vire uma realização
Como também desejou
O querido Rei do baião
Que ficou entristecido
Com a morte do alazão
Quando abrir sua torneira
Favor não se esqueça
Evitando o desperdício
Ou então se compadeça
Pois existe uma senhora
Com uma lata na cabeça