ZEFA BEATA E ZECA TARADO
Esse fato aconteceu
Na cidade de Campina
Uma cidade famosa
Por sua festa junina
Pois era lá que morava
Zefa beata menina
Zefa era setentona
Mas ainda era donzela
E como toda solteirona
Zefa rezava escondido:
Clamava a Santo Antônio
Que lhe arranjasse um marido
O que a coitada sentia
Só ela sabia explicar
Era um fogacho por dentro
Ao ponto de lhe queimar:
“eu necessito de um homem
Para o meu fogo abaixar”
E o tempo se passava
Josefa se aperreava
E a pobre da beata
Já não continha a libido
Queria a todo custo
Encontrar um bom marido
E ficava na janela
De véu e terço na mão
Pedia a tudo que é santo
Uma urgente solução
Foi aí que se lembrou
De Zeca tarado garanhão
O cabra era famoso
Pela fama de tarado
Tarava tudo que via
Gato, cachorro e veado.
Até as quengas de rua
Temia o desgraçado
E a véia destinada
A perder a castidade
Procurava o tarado
Nos escombros da cidade
Pois só ele era capaz
De lhe fazer a caridade
E assim aconteceu
No meio da escuridão
Zeca agarrou a véia
Já com os troços na mão:
“Agora tu tá lascada
E comigo não tem perdão”
Mas Zefa deu um pinote
Como uma onça pintada
Atracou-se com o cabra
Numa fúria desgraçada
O cabra se estremeceu:
“Eita veinha tarada!”
Mas a véia era valente
Zunhava o cabra todinho
Mordia com todos os dentes
Zombava do desgraçado
Tu agora vai honrar
A tua fama de tarado
E Zeca se assombrou
Com aquela mulher estranha
Que o seu pinto encolheu
Para dentro das entranhas
A véia se embrabeceu
“esse cabra tá com manha”
E Zefa desesperada
Procurava os possuídos
Dizia “ mas que bandido!
O que te aconteceu?”
Pensei que tu eras macho
És tão mulher quanto eu!