A fofoqueira

A VOZ QUE GRITA LÁ FORA

PROCLAMA A VIDA ALHEIA,

NÃO OLHA A CASA QUE MORA

QUE DE ERRO ESTÁ CHEIA,

PREFERE A DA VIZINHA

MAL ZELADA E POBREZINHA:

LIXO, PÓ, ARANHA E TEIA.

ESSA MULHER INSOLENTE

VIVE SÓ A PRAGUEJAR

E A INVEJAR TODA A GENTE

QUE MORA NO SEU LUGAR,

PASSA O DIA MEDITANDO

CALCULANDO E PLANEJANDO

DE QUAL VIDA VAI FALAR.

LEVANTA LOGO BEM CEDO

PRAS TAREFAS COMEÇAR,

MAS VEJAM QUE É SÓ ENREDO

SEU TRATO É MEXERICAR,

DO OITÃO CHAMA A VIZINHA,

AS DUAS SÃO UVA E VINHA

NA ARTE DE FOFOCAR.

MAS QUANDO TERMINA A JACA

LOGO LHE TIRA O COURO,

CHAMANDO ELA DE VACA

E O MARIDO DE TOURO,

ACABA COM O CARRO DELA

DIZ: SÓ PEGA NA BANGUELA

E FALA QUE É DO “ESTOURO.”

PRA ELA NINGUEM NÃO PRESTA

SÓ QUEM PRESTA É O SEU POVO,

MAS SÓ COME CARNE EM FESTA

EM CASA, SÓ COME OVO

E FINGE QUE É BACANA

E QUE É CHEIA DA GRANA

JÓIA CARA E CARRO NOVO.

SUA CASA É ENFEITADA

DA SALA ATÉ A COZINHA,

MAS VEJAM QUE É SÓ FACHADA

NÃO PASSA DE PICUINHA,

SÓ DEUS SABE A COR DA CONTA

QUE NO MERCADO SE APONTA

PRA BANCAR FALSA VIDINHA.

VIVE FAZENDO DA FILHA

UMA SANTA DO LUGAR,

TRATANDO QUE NEM MOBÍLIA

LUSTRANDO PARA BRILHAR,

ENCHENDO DE ROUPA CARA,

DE PERFUME E JÓIA RARA

SÓ PRA DAR O QUE FALAR.

NO ENTANTO QUANDO FALA

DA MOÇA QUE MORA AO LADO,

DIZ: NÃO VALE UMA BALA

E NEM UM VINTÉM FURADO,

FALA DELA NOITE E DIA

CHAMA ELA DE VADIA

E O IRMÃO DE VIADO.

ATÉ A CUNHADA DELA

NÃO ESCAPA DE SUA LÍNGUA,

O MENOR NOME É CADELA

E DIZ QUE É CHEIA DE ÍNGUA,

RI TAMBÉM DE SEU CABELO

DIZENDO QUE NÃO TEM ZELO

QUE NÃO CRESCE E QUE SÓ MÍNGUA.

LA NA SUA VIZINHANÇA

NINGUEM AGUENTA ELA,

MAS NÃO FALTA A ESPERANÇA

DE DAREM UMA SURRA NELA

DE BATEREM DE CHICOTE,

DE PEDRA A CACO DE POTE

ATÉ DE PAU DE CANCELA.

MAS NÃO É QUE SUA SINA

CONCRETIZOU NA PROPOSTA!

CERTO DIA NUMA ESQUINA

LAPEARAM SUAS “COSTA”,

LHE DERAM TANTO NA CARA

LHE BATERAM ATÉ DE VARA

QUE SE ENCHEU DE MIJO E BOSTA.

O POVO TODO DA FEIRA

CORREU PRO MEIO DA RUA

E QUASE A CIDADE INTEIRA

OLHOU PRA MEJERA NUA,

DEIXARAM TODA RASGADA

E REDUZIRAM A NADA

INTEIRINHA A ROUPA SUA.

TODO MUNDO AINDA COMENTA

DA SURRA QUE DERAM EM TROCA,

ATÉ HOJE ELA NÃO SENTA

E SE ARRASTA COMO FOCA,

SEI QUE DEPOIS DESSA FEIRA

NUNCA MAIS A FOFOQUEIRA

QUIZ SE METER EM FOFOCA.

Bosquim
Enviado por Bosquim em 11/06/2011
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