A MÍSTICA DOS TERRITÓRIOS (O campo do camponês e o campo do agronegócio)
O campo do camponês
É diferenciado.
Tem mata tem lavoura
Tem bicho pra todo lado.
Tem fruta no pomar
Beiju e farinha.
Tem leite pra tomar
Tem fartura na cozinha.
Tem milho e feijão
Mandioca e quiabo.
Galinha no terreiro
Porco cevado.
O manejo alternativo
Garante a qualidade.
A paisagem é uma mistura
Tem muita diversidade.
No campo do agronegócio!
Tudo é mercadoria.
A paisagem é uniforme
Falta cor e alegria.
Não tem mata não tem bicho
Não tem gente nem moradia.
Colorido de uma cor só
Tudo é monotonia.
O velho latifúndio
Alvo da reforma agrária.
Já não pode ser ocupado
Pois ganhou uma nova cara.
Agora é produtivo
Não pode ser violado.
Na versão agronegócio
Latifúndio é solo sagrado.
Terra improdutiva
Já não é mais argumento.
É a mais nova balela
Pra frear o movimento.
Essa nova roupagem
Amplia a dominação.
Não concentra só as terras
Mas também a produção.
Dominam a política
controlam a tecnologia.
O território do agronegócio
Expande todo dia.
A meta é ocupar espaço
Do campo do camponês.
Que pra não fugir a regra
É espremido mais uma vez.
O estado enfraquecido
Fica só observando.
O capital governar
Por em pratica o seu plano.
Concentrar o poder
Ampliar a dominação.
Excluir as minorias
Expropriar a nação.
O povo camponês
Construiu a sua história.
O tempo é testemunha
De um legado de vitória.
Sua cultura seus valores
Uma mística especial.
É a arma camponesa
Pra vencer o capital.
Nossa gente, Nosso jeito de ser
De fazer com autonomia.
Não se compra não se vende
Não é mercadoria.
É a vida camponesa
Forjada no mato com os bicho
Com os meios de produção.
Ações coletivas, participação.
Trincheira de resistência
Contra a dominação.