A CASA DOS MEUS AVÔS
A CASA DOS MEUS AVÔS
LÁ DA ESTRADA AVISTEI
MAS ESTAVA DESTRUIDA
CONFESSO QUE EU CHOREI
LEMBREI-ME DE QUANDO MENINO
E NAQUELA CASA EU IA
SAÍA DA MINHA SORRINDO
DEMONSTRANDO A ALEGRIA
POIS SABIA QUE EU TERIA
UM DIA DE MUITO PRAZER
BRINCAVA, CORRIA NOS CAMPOS
DE TUDO PODIA COMER.
TUDO ALI ERA PERFEITO
PRA MIM NÃO FALTAVA NADA
HOJE EU NÃO TROCARIA
AQUELA POR OUTRA MORADA
LEMBREI-ME DE TODO O CENÁRIO,
DE TUDO O QUE O SÍTIO TINHA
ALÉM DA CASA DE TAIPA
DA MINHA VOVÓ CHIQUINHA
TINHA UM PÉ DE CAJARANA
QUE POR ARTE EU SUBIA
DEPOIS DESCIA E BRINCAVA
DEBAIXO DA SOMBRA FRIA
ERA UM SÍTIO MODESTO
MEUS AVÔS ERAM POBRES
MAS DE TRABALHO E VERGONHA
ALÍ VIVIAM DOIS NOBRES
O MEU AVÔ ERA CEGO
CEGOU DEPOIS DE ADULTO
TRABALHOU POR MUITO TEMPO
ENXERGANDO SÓ UM VULTO
MAS DEPOIS, JÁ BEM VELHINHO
SEM TER NENHUMA VISÃO
PASSAVA O DIA NO ALPENDRE
SEM “XINGAR” DA ESCURIDÃO
ERA UMA ALMA TÃO PURA
DESPROVIDO DE MALDADE
PARECIA UMA CRIANÇA
DE CANDURA E DE BONDADE
JÁ MINHA VÓ TINHA FIBRA
ERA UMA MULHER VALENTE
NUNCA FUGIU DA BATALAHA
SEGUROU BEM O BATENTE
SUSTENTOU SUA FAMÍLIA
FAZENDO CALO NA MÃO
ERA ADMIRADA POR TODOS
POR SER MULHER DE AÇÃO
LEMBREI-ME DE TUDO ISSO
AO PASSAR NAQUELA ESTRADA
NO SÍTIO CACIMBA NOVA
AO AVISTAR A MORADA
QUE HOJE É SÓ RUINA
MAS SERVIU DE LEMBRANÇA
DAS VEZES QUE ESTIVE ALÍ
NO MEU TEMPO DE CRIANÇA
EU FIZ ALÍ UMA PRECE,
INTERCEDA OH! MÃE RAINHA
PELO MEU VOVÔ GREGÓRIO
E A MINHA VOVÓ CHIQUINHA.