A CASA DOS MEUS AVÔS

A CASA DOS MEUS AVÔS

LÁ DA ESTRADA AVISTEI

MAS ESTAVA DESTRUIDA

CONFESSO QUE EU CHOREI

LEMBREI-ME DE QUANDO MENINO

E NAQUELA CASA EU IA

SAÍA DA MINHA SORRINDO

DEMONSTRANDO A ALEGRIA

POIS SABIA QUE EU TERIA

UM DIA DE MUITO PRAZER

BRINCAVA, CORRIA NOS CAMPOS

DE TUDO PODIA COMER.

TUDO ALI ERA PERFEITO

PRA MIM NÃO FALTAVA NADA

HOJE EU NÃO TROCARIA

AQUELA POR OUTRA MORADA

LEMBREI-ME DE TODO O CENÁRIO,

DE TUDO O QUE O SÍTIO TINHA

ALÉM DA CASA DE TAIPA

DA MINHA VOVÓ CHIQUINHA

TINHA UM PÉ DE CAJARANA

QUE POR ARTE EU SUBIA

DEPOIS DESCIA E BRINCAVA

DEBAIXO DA SOMBRA FRIA

ERA UM SÍTIO MODESTO

MEUS AVÔS ERAM POBRES

MAS DE TRABALHO E VERGONHA

ALÍ VIVIAM DOIS NOBRES

O MEU AVÔ ERA CEGO

CEGOU DEPOIS DE ADULTO

TRABALHOU POR MUITO TEMPO

ENXERGANDO SÓ UM VULTO

MAS DEPOIS, JÁ BEM VELHINHO

SEM TER NENHUMA VISÃO

PASSAVA O DIA NO ALPENDRE

SEM “XINGAR” DA ESCURIDÃO

ERA UMA ALMA TÃO PURA

DESPROVIDO DE MALDADE

PARECIA UMA CRIANÇA

DE CANDURA E DE BONDADE

JÁ MINHA VÓ TINHA FIBRA

ERA UMA MULHER VALENTE

NUNCA FUGIU DA BATALAHA

SEGUROU BEM O BATENTE

SUSTENTOU SUA FAMÍLIA

FAZENDO CALO NA MÃO

ERA ADMIRADA POR TODOS

POR SER MULHER DE AÇÃO

LEMBREI-ME DE TUDO ISSO

AO PASSAR NAQUELA ESTRADA

NO SÍTIO CACIMBA NOVA

AO AVISTAR A MORADA

QUE HOJE É SÓ RUINA

MAS SERVIU DE LEMBRANÇA

DAS VEZES QUE ESTIVE ALÍ

NO MEU TEMPO DE CRIANÇA

EU FIZ ALÍ UMA PRECE,

INTERCEDA OH! MÃE RAINHA

PELO MEU VOVÔ GREGÓRIO

E A MINHA VOVÓ CHIQUINHA.

Damísio Mangueira
Enviado por Damísio Mangueira em 01/06/2011
Reeditado em 02/06/2011
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