Exagerando e mentindo * Parte I Autor: Damião Metamorfose.

*

Neste Cordel eu garanto,

Que não vai falta zoeira.

Bom humor para quem gosta

De uma boa brincadeira.

Exagerando e mentido,

De forma bem verdadeira.

*

Eu sou o pior crueira

Que existe no Nordeste.

É por minha causa que

Existe o ditado: oh! Peste.

Se alguém aqui duvidar

Se habilite e faça o teste.

*

Fui embora pro Sudeste,

Pra evitar desmantelo.

Fiz mais filhos que: Caetano,

Gil e Pepeu e Consuelo.

Acabei mais enrolado

Do que linha no novelo!

*

Sou o maior pesadelo,

Dessa nova geração

De poetas cordelistas

Da cidade ou do Sertão.

Norte, Sul, Leste, Oeste

Sabem quem é Damião!

*

Domei cavalo do cão,

Fiz cigano trabalhar.

Fui feirante no Marrocos

E vendi sem pechinchar.

Só faço versos de graça,

Porque não quero cobrar!

*

Eu construí o meu lar

Com sacada e cobertura

Com a tesoura e um pente

E algum jogo de cintura.

Essa aqui não é mentira,

Eu moro nessa estrutura!

*

Nos tempos da ditadura

Chamei Médici de macaco.

Ontem eu convenci Obama

Mandar Osama pro saco.

Com dezesseis anos eu

Trabalhei como cassaco...

*

Eu não aceito pitaco

fofoca ou disse-me-disse.

Pois fiz o Nordeste inteiro

Falar o oxente e visse.

-Nasci velho e fiquei novo

Sem viver a meninice...

*

Até chegar a velhice

Vou fazer votos de fé.

Pra dá uma volta ao mundo

Indo e voltando e a pé.

Ou montado em um jumento

Andando de marcha ré.

*

Esse tal de rei Pelé,

Que dizem que tem talento.

Fui eu quem o ensinei,

A ser mais veloz que o vento.

E o que Ele fez com a bola,

Eu ensinei cem por cento.

*

As cores do firmamento,

Eu pintei pinta por pinta.

Em um estalo de dedos,

Sem usar pincel nem tinta.

Tudo o que disse é verdade...

Não tem morto que desminta!

*

Firula, catimba e finta

Fui eu que inventei tudo.

Biquíni e fio dental,

Topless e corpo desnudo...

Os outros ganharam a fama

E esconderam o cabeludo.

*

Não preciso de estudo,

Canudo nem formaturas.

Minha historia está ai

Rimada e em partituras.

E todo mundo já sabe

Que eu que fiz as escrituras!

*

Água mole e pedras duras,

Vai o homem e fica o mito.

Esses ditados são meus,

Na arte eu sou infinito...

Poesias de A a Z,

Do clássico ao erudito.

*

Ensinei um periquito

Rezar a missa em latim.

Envernizei as baratas

E pintei o mucuim.

Da Vince ficou famoso

Mas deve honras a mim.

*

A traição de Caim,

A inocência de Abel.

A ida do homem a lua,

As formulas doce do mel.

Todas as coisas do mundo...

Eu registrei em Cordel!

*

Eu já nasci menestrel,

No Nordeste brasileiro.

Quando esta arte chegou

Em um navio negreiro.

Fiz o primeiro folheto,

Portanto: eu sou o primeiro!

*

Os dias de Fevereiro

Que até hoje estão faltando.

Foi por causa de uma vez

Que eu estava brigando.

Saíram do calendário

Para voltar não sei quando!

*

Deus quando estava criando,

Pediu minha opinião.

Botei radar em morcego

E as aves de arribação

Sou eu que aviso o tempo

Bom de voltar pro Sertão!

*

Moisés usou minha mão

Para abrir o mar vermelho.

Noé fabricou a arca,

Mas a eu pediu conselho.

Só não criei o Narciso,

Mas emprestei o espelho.

*

Ensinei Paulo Coelho

A ser um bom escritor.

Foi comigo que o Davi

Aprendeu a ser pastor.

Lecionei no mundo inteiro

A arte de cantador!

*

Ensinei ao beija-flor,

Ficar parado no ar.

Depois fiz o helicóptero,

Só para lhe imitar.

Santos Dumont ganhou fama,

Mas fui primeiro a voar.

*

Inventar e ensinar,

É comigo, viu bichinho.

Quer aprender a cantar

Em dupla, em trio ou sozinho?

Sabe o caminho mais perto?

Comigo é bem ligeirinho.

*

Ao político Garotinho,

Ensinei a fazer greve

De fome, mas avisei

Pra Ele pegar mais leve.

Pois na arte da mentira

Nem todo mundo se atreve!

*

Já fiz montanhas de neve

No Pólo Sul e garanto.

Se eu quiser também faço,

No Nordeste ou outro canto.

Sou Damião pecador,

Mas meu irmão é um santo!

*

Inglês grego e esperanto,

Espanhol e mandarim,

Italiano e tupi,

Braile, árabe e latim...

São dez das mais de mil línguas

Que eu ensino em tempo ruim!

*

Comigo é sempre assim,

Sou cheio de artimanha.

Pois fui eu quem expulsou

O Hitler da Alemanha.

Eu ando sem deixar pistas,

Numa teia de aranha!

*

Magreza, excesso de banha,

Escoliose em corcundo,

Seja excesso de trabalho

Ou só por ser vagabundo.

Com uma só garrafada,

Eu curo as dores do mundo!

*

Eu mergulhei lá no fundo

Do vulcão da caixa prego.

Também fiz o monte Fuji

E a torre Eiffel, com lego.

No tamanho original...

e mostrei tudo a um cego!

*

Essa cruz que eu carrego,

Pesa mais que a cruz de Cristo

Mas vou provar que o que eu digo,

É verdade, eu não desisto.

Também se eu não provar nada,

Ninguém tem nada com isto!

*

As coisas que eu não conquisto,

É porque não fui atrás.

O mundo inteiro faz guerras,

Mas eu conquistei a paz.

Se alguém quiser eu ensino

De graça, como se faz...

*

Se a sua carta é um az,

Eu tenho um baralho inteiro.

Meu dom foi dado por Deus

Não devo a catimbozeiro.

Por isso pra eu cantar,

Não precisa de dinheiro.

*

O meu verso é verdadeiro,

Métrica: sempre tinindo.

Rima: eu só faço perfeita,

Deixa: sem ser repetindo.

Oração: sempre antenada,

Exagerando ou mentindo?

*

D-eus está interagindo,

A-onde está minha mente.

M-eus versos são emprestados

I-nspiração certamente.

A-gora resta eu dizer:

O meu: Obrigado gente!

*

Fim.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 31/05/2011
Código do texto: T3005969
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