Diógenes da Cunha Lima, nos trilhos da poesia 3ª Edição

Autor: Marciano Medeiros

Diógenes da Cunha Lima

É poeta que convence

Seu estilo bem romântico

Qualquer má vontade vence

Tornou-se um representante

Do povo novacruzense

No solo nordestinense

Herdou o nome do pai

Quem lhe viu em Nova Cruz

Lembrar dele sempre vai

Pois da memória do povo

O patriarca não sai

O tempo sempre se esvai

Trazendo enorme saudade

Do genitor do poeta

Que teve amabilidade

Casando com dona Eunice

Viveu com felicidade

Com toda tranquilidade

Diógenes Filho nasceu

No ano de trinta e sete

Nova Cruz lhe recebeu

Nessa terra potiguar

Foi que o garoto viveu

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Ali também floresceu

O pai deste bom poeta

Trabalhava honestamente

Tendo uma loja repleta

Onde vendia tecidos

De qualidade seleta

Procurando sua meta

Antes morava em Campestre

Negociou em São Bento

Naquele lugar silvestre

Seu Diógenes para o filho

Tornou-se bondoso mestre

Em São José do Campestre

Vendia bastante pano

Para formar a família

Estabeleceu bom plano

Tendo sempre muita fé

Em nosso Deus soberano

Com esforço sobre-humano

Amplo recurso conquista

Querendo sobrevivência

Vendeu no prazo e a vista

Numa loja de tecidos

Chamada Nova Paulista

Em atitude benquista

Gostava sempre de ler

Orientava o seu filho

Para bons textos reler

Da clássica literatura

Pra conhecimento ter

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Necessitava aprender

Multiplicando a cultura

Livros de Anatole France

O moço leu com ternura

Ligeiro se preparava

Pra ser imortal figura

Lendo sem ter amargura

Logo foi pra capital

Estando com treze anos

Mudou-se para Natal

Teve o destino alterado

Num momento especial

Nesse tempo bem legal

Seu pai um homem decente

Logo falou pro garoto:

– Procure mestre influente

Grande rio de cultura

Que tem saber inclemente

– É cidadão competente

Nobre professor Cascudo

Notável pesquisador

Que se dedica ao estudo

O tema sendo folclore

Já conhece quase tudo

Parecia carrancudo

O notável professor

Mas recebeu o menino

Com gentileza e valor

Tendo conversa repleta

Do mais humano calor

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O simpático educador

Era um homem de quilate

logo entregou pro menino

Saboroso chocolate

Sem saber que no futuro

Ele seria bom vate

Prosseguiu sem ter desgaste

Seus estudos no Marista

Colégio de tradição

Era a primeira conquista

E teve um outro também

Que faz parte dessa lista

Ele sendo realista

Estudou no Atheneu

Nessa escola bem famosa

Lindo período viveu

Vencendo nova batalha

Que a vida lhe concedeu

E nesse trajeto seu

Fez um roteiro bem feito

Aprendendo com audácia

Sempre teve bom conceito

Ingressou na faculdade

Pra se formar em direito

O moço levava jeito

Para ser advogado

E na língua portuguesa

Era muito preparado

Então nos meios jurídicos

Ficou bastante afamado

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Tendo o curso terminado

Logo fez um escritório

No ano sessenta e quatro

Relato sem palavrório

O caminho percorrido

Evitando laudatório

No seu trabalho notório

Diógenes se transfigura

Gostando de poesia

Começou sem amargura

A redigir belos versos

Pra nossa literatura

Com notável investidura

Fez o primeiro trabalho

“Lua quatro vezes sol”

Tem poemas sem atalho

Onde as palavras germinam

Sem ter pensamento falho

Pesquisou sem embaralho

Biografou com carinho

O bom Câmara Cascudo

Que descobriu no caminho

E também botou num livro

Djalma Aranha Marinho

Jamais esteve sozinho

Qualquer um amigo diz

Que fez obra valorosa

Sobre Dinarte Mariz

E chamou mestre Cascudo

De brasileiro feliz

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O pai quase era juiz

Tinha olhos azulados

Nas palavras do poeta

Seus atos são recontados

E Onofre com dom Nivaldo

Também são biografados

Seus livros bem trabalhados

Trazem mensagens compostas

Com bastante habilidade

Escreveu teses bem postas

Em homenagem a Neruda

Fez o livro das respostas

Já teve muitas propostas

Viu livros no estrangeiro

Lá na França de Balzac

Seu texto chegou ligeiro

Vive na primeira classe

Este nobre passageiro

No cenário brasileiro

O poeta é renomado

Não podemos esquecer

Foi secretário de Estado

E também cônsul do Chile

Em Natal foi indicado

Outro cargo conquistado

Relato com liberdade

Gilberto Freyre pediu:

– Presidente por bondade

Desejo ver um poeta

Reitor da Universidade

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Cascudo sem vaidade

Tomou a linha de frente

Escreveu pra Figueiredo

Que era nosso presidente

Com tanta força o poeta

Foi um reitor competente

E de modo inteligente

Preside a Academia

De letras em nosso Estado

Com muita sabedoria

Vem renovando o mandato

Conforme a democracia

E quando começa o dia

Já procura ter respaldo

Sempre ler belo poema

Para não ficar rescaldo

Do veneno da maldade

Que espalha triste saldo

Já seu amigo Ronaldo

Pelo primo tem estima

Governando a Paraíba

Botou o Estado pra cima

E sempre exaltou com versos

Diógenes da Cunha Lima

Pois sua vida colima

Pro trono da poesia

Luís Carlos Guimarães

Deixou o mundo outro dia

Seguindo para as estrelas

Aqui deixou nostalgia

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Seguiu pra celeste via

O poeta consagrado

Este amigo de Diógenes

Ficará sendo lembrado

Na página do coração

Com sentimento timbrado

Diógenes gerou reinado

Bastante misterioso

Ergueu trono de cultura

Com estilo primoroso

O cetro dele é formado

Dum baobá maravilhoso

Fez trabalho virtuoso

Restaurou um casarão

De Ferreira Itajubá

O menestrel teve ação

Também mandou esculpir

Um cavalo de Milão

O homem tem coração

Fez bustos encomendados

Tendo dezenas de livros

Que já foram publicados

E mantém seu escritório

Repleto de advogados

Seus trabalhos são falados

Pela grande qualidade

Na capital potiguar

Sempre defende a verdade

Olhando estrelas e flores

Faz versos com liberdade.

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E-mail: marcianobm@yahoo.com.br

Tel: 0**84-9991-7476