A língua é o flagelo do rabo.
Se notarem algo errado
Prestem muita atenção
Ao fazerem julgamento
Alguma difamação
Quem fere com a língua
Pode perecer à míngua
Sem direito a caixão
Se o marido de sua amiga
Estiver pulando o muro
Tampe os olhos e a boca
E não banque a dedo duro
Vigie bem o seu marido
Que ele pode estar metido
Em outro quarto escuro
A esposa do seu irmão
Sai de casa perfumada
E anda perdendo a hora
Chegando de madrugada
Olhe bem o que dizer
Amanhã tu vai querer
Dar a sua escapada
Se tu vires duas amigas
Juntinhas, trocando cheiro
Não esquente a cabeça
Isso é fato corriqueiro
Cuide bem de sua mulher
Pois será que ela não quer
Estar com elas no banheiro
Se o filho de seu amigo
Vive agora se empinando
Imitando a dançarina
Pela casa rebolando
Na boca ponha um breque
Será que o seu moleque
Também não está treinando
Se a casa do vizinho
For bem movimentada
E acaso tu ver subir
Uma fumaça arretada
Tranque a língua na goela
Por que isso na favela
É uma baita da mancada
E aquela garotinha
Que você olhou no berço
Agora que ela cresceu
Não vale nenhum terço
Não maldizes da pequena
Pois não vai valer à pena
Sua filha pagar o preço
Todo castigo será pouco
Pra aqueles de língua afiada
Que não perdem a ocasião
De dar uma cutucada
Pro rabo não flagelar
Um conselho vou te dar
Mantenha a boca fechada