Rabo de Cana em O Pau do Índio

Todo dia, minha esposa

Sai prum bar e vem risonha.

Eu pensei sem ser mofino:

Só pode ser a maconha!

Mas quando a peguei insana

Senti foi cheiro de cana

E me matei de vergonha.

Eu tentei a cana nunca

Mais na boca arremessar.

Fiquei mais de três semanas

Sem na danada pensar.

E a mulher só me chegava

Cheia da tal cana-brava

Quase-quase a vomitar.

Mas a saudade chegou

Me deu uma bofetada.

Sofri com meu Padim Ciço

Rezando minha noitada

E todas as noites vinha

A minha mulher bebinha

Sem querer saber de nada.

Aquilo me deu nervoso

E corri para festança.

Fui tentar salvar a pobre

Da minha doce criança.

E a festa me deu vontade

De não mais negar verdade

E disparei na pujança.

Numa festança de rua

Só adoro os barris.

Barris de cana da brava

Que me deixam mais feliz.

Saio errante sorrindo

De tão bêbado caindo,

Me achando em chafariz.

Mas a festa de domingo,

Final de Copa do Mundo,

Vasculhei na praça toda

Que nem um bêbado imundo.

A cana tinha findado

E eu, mal acostumado,

Danei coçando meu fundo.

Toda vez que fico seco

Me bate essa esquisitice.

Fico o tangelo coçando

Como algo que se atice.

Então visei um bequinho

Fui pra lá bem rapidinho,

Fazer minha macaquice.

Corri pro bequinho escuro

E deixei de ficar mal.

Mirei uma torneirinha

De cana lá no final.

Meti os beiços de jeito

Mas quando eu olhei direito

Eu tava lambendo um pau.

Era dum índio fortão

Que sorriu feliz pra mim.

Eu disse para enrolar:

- Sou um sedento sagüim...

Ele me disse sem gana:

- Deixe lá, Rabo de Cana,

Sua mulher só faz assim!