O AGRICULTOR IMIGRANTE
A minha Disposição
Que tenho de Escrever
Falar de quem vive em
Terras estranhas sofrer
Um Dom doado por Deus
A quem quero agradecer
Por tudo o que tem me dado
Pelo o meu bom pensamento
Com um bom Fôlego de vida
Meu carater eu sustento
As minhas dificuldades
Sobe nas Asas do Vento
Tudo isso são prodigios
Que Deus tem me revelado
Hoje sendo um Ancião
Recordo o Tempo passado
Para o Senhor dos Exercitos
Só digo muito obrigado
Pela a minha inspiração
Escrevo tudo o que vejo
É uma dádiva Divina
Reconhecendo almejo
Sem ofender a ninguem
É só isso que desejo
Com toda tranquilidade
Conservo a minha Memória
Pensar pra depois agir
Nesta Vida transitória
Conhecendo os Imigrantes
Da Seca faço a História
Quanto sofre o Agricultor
Quando sai do Ceará
Do Rio Grande do Norte
Sente as Lembranças de lá
Paraiba e Pernambuco
Sem saber pra onde vá
De Sergipe e Alagoas
Enfim de todo o Nordeste
Do Sertão que é tão alegre
Da Caatinga e Agreste
É quando a Seca deserta
Sem que Esperança lhe reste
Em cima de um Caminhão
Saem quase sem destino
Chegando no Maranhão
Homem, Mulher e Menino
Somente na Fé que tem
Na proteção do Divino
Da Terra Natal distante
Com a Vida aperriada
Se embrenha pelas as Matas
Pobre sem possuir nada
Procura botar uma Roça
No Baixão ou na Chapada
É muita dificuldade
Essa que vem do Alem
As Crianças são pequenas
Um Rancho ainda não tem
Do que ficou para traz
Somente a saudade vem
E quando a Mulher adoece
Sem poder lhe ajudar
Sozinho a comprar o Pão
Ele tem que Trabalhar
E tem que fazer um Rancho
Se não tem onde Morar
Faz o Serviço da Roça
No Tempo determinado
Para comprar a Comida
Tem um esforço pesado
A metade da Semana
Ele Trabalha alugado
Quando é de Manhã cedo
Que da Rede se levanta
Os Filhos pedem Café
Sem ter a tristeza é tanta
Para consolar a todos
Que bela toada canta
Meus Filhos não tem Café
Porque não pude comprar
Estar faltando Dinheiro
Só a Deus posso apelar
Dá um embalo no Caçula
Pra não Vê ele chorar
Quando começa a Roçar
Cedinho o que faz primeiro
Amola sua Foice e segue
Sozinho sem Companheiro
Leva um pouco de Farinha
Trabalha o Dia Inteiro
Quando termina o Rôço
Alegre e bem disposto
Chegar a derriba dos Paus
Logo no Mês de Agosto
Quando chega o Meio Dia
Derrama suor do Rosto
Quando vai caindo a Noite
Para voltar tão Veixado
Bota o Machado no Ombro
Se este cai para um lado
Se acerta o gume no Pé
Da lhe um golpe o Machado
Logo escurece a Vista
Vai lhe faltando o alento
Para bota-lo no golpe
Ali não tem um Unguento
Longe de Casa coitado
Aumenta o seu Sofrimento
Dá um gemido de Dor
Se é grande a cicatriz
Sem ter ali um Remédio
Implora ao reto Juiz
Valei me meu Bom Jesus
Assim é que o Pobre diz
Da cicatriz quando vê
Sair Sangue em Borbutão
O Sol já se escondendo
Escurecendo o amplidão
Lagrimas de seus olhos cai
De vez enquanto no Chão
Quando a cicatriz é grande
Que ligeiramente inflama
Procura a Beira da Mata
Um Lugar que não tem grama
Faz do Chão frio repouso
Faz do Colchão da verde rama
Neste momento faz prece
A Cristo Nosso Senhor
É quem cura a Enfermidade
De quem a Deus dá valor
Assim é o sofrimento
De um Pobre Agricultor
Quem Nasce na Vida tem
Que ser corajoso e Forte
Com resistencia e firmeza
No Mal sempre dá um corte
Persistir com seu talento
Antes de chegar a Morte
Vou encerrar com meu Nome
Para quem não me conhece
CICERO MODESTO GOMES
Sempre a Jesus faço prece
Sou um verdadeiro Amigo
De quem a Deus obedece