A obra da praça

Voltando do serviço

Assisti um reboliço

Tal carne de ouriço

Muita farpa e espinho

O povo em burburinho

Começava a arruaça

Se tem fogo, tem fumaça

Olha aqui, Sr prefeito

Vê se arrume um efeito

De nos devolver a praça

O prefeito assustado

E com o rosto suado

Ouvia tudo calado

Em meio a betoneiras

Arames e britadeiras

Muita areia pelo chão

Massa no carrinho de mão

E a obra nunca acaba

Essa gente fica braba

Querendo explicação

Uma dona agitada

De idade avançada

Que adora caminhada

Ficou sem a opção

De andar no calçadão

- Olha só a buraqueira

Ta igual a uma peneira

Agora eu enferrujo

Com esse canteiro sujo

Parecendo uma lixeira

Agora é minha vez

Disse o velho português

Que jogava um xadrez

Todo dia lá na praça

Falou em tom de pirraça

- Dei um voto para ter

Um pouquinho de lazer

Pago todo o imposto

Não mereço o desgosto

Cumpra já o seu dever

Mas nessa sacanagem

Há quem tire vantagem

E não perdem viagem

É o que pensa a menina

Que trabalha na esquina

Nada é boa a sua fama

Da noite ela é a dama

- Não usarei queixumes

Aproveito os tapumes

Quando rola um programa

E com tanta discussão

Sem haver uma solução

O prefeito fanfarrão

Viu dar a sua hora

E no carro foi se embora

Pra beber vinho na taça

Com uma bela loiraça

Vendo o povo pelas costas

Suplicando por respostas

Dessa bendita praça

Causou me estranheza

Tamanha indelicadeza

O ato de “vossa alteza”

Coisa que não convém

Tratamento de desdém

Renegando sua raça

Ficará sujo na praça

Nunca vamos esquecer

Esse abuso de poder

Essa piada sem graça

Pietro Assis
Enviado por Pietro Assis em 13/05/2011
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